Os dois coproprietários da empresa Gomes & Gomes, responsável pela construção do reservatório Casan que rompeu em setembro de 2023, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis, e um dos engenheiros da empresa, responsável pela fiscalização da obra, tornaram-se réus pelos crimes de alagamento e desabamento, ambos qualificados pelas lesões corporais causadas aos moradores da região.
Os promotores que ajuizaram a ação apontam que a suposta prática dos crimes colocava em risco a vida, a integridade física e os bens de pessoas que viviam próximas ao rompimento do reservatório.
De acordo com a denúncia aceita pelo Justiçateria havido erro na execução do projeto e falha na fiscalização efetiva do monitoramento durante todo o período de obras do reservatório.
Verificou-se que “não houve a devida verificação das armaduras instaladas para posterior liberação da concretagem, o que acabou aceitando o subdimensionamento da estrutura devido à utilização de aço com diâmetro menor que o esperado, resultando no rompimento do reservatório” .
Ou seja, as dimensões da estrutura do reservatório eram bem menores em relação ao previsto no projeto. Verificou-se que a construtora utilizou barras de reforço para os pilares de sustentação com diâmetro de 5 milímetros, enquanto o projeto previa o dobro do tamanho, ou seja, 10 milímetros de diâmetro.
Além da possibilidade de pena de prisão para os envolvidos, de até seis anos em caso de enchente e de até quatro anos em caso de deslizamento de terra, o Ministério Público exige na ação o pagamento de R$ 19,5 milhões a reparar os danos causados à comunidade e aos serviços públicos instalados no local.
Outros dois engenheiros da Casan, que também supervisionaram a obra, não foram indiciados nesta ação porque aceitaram acordo de não persecução penal proposto pelo Ministério Público. Para ter direito a esse benefício, o investigado deve confessar os crimes e cumprir alguns requisitos legais, como não ter antecedentes criminais e ser acusado de crime sem violência ou grave ameaça, com pena mínima inferior a quatro anos. . Nestes casos, quando o acordo é cumprido, o processo penal é arquivado; caso contrário, o processo contra o réu continua.
O relatório do NDMais contatou os envolvidos para obter uma posição e aguarda feedback.
Lembre-se de como o reservatório de Casan entrou em colapso
A comunidade do bairro Monte Cristo, região continental de Florianópolis, foi surpreendida, na madrugada do dia 6 de setembro de 2023, pelo rompimento de um reservatório de Casan que destruiu casas, deslocou famílias e danificou veículos (assista abaixo).
Na época, cerca de 2 milhões de litros de água foram despejados na comunidade, destruindo casas, desalojando famílias e danificando veículos. Segundo a Defesa Civil, 286 famílias sofreram danos em suas casas ou veículos.
No total, na altura, foram fiscalizados 163 edifícios, dos quais quatro foram encerrados, dois foram libertados com restrições, quatro foram condenados e 155 foram libertados. Os moradores das casas liberadas perderam, em sua maioria, móveis, eletrodomésticos e itens pessoais. 75 veículos também foram danificados como resultado do incidente.
Após o rompimento do reservatório, quatro laudos/pareceres técnicos apresentados pelo Centro Técnico Operacional do MPSC, pelo TCE, pela Polícia Científica do Estado e pela própria Auditoria da Casan, revelaram que a causa do incidente foi a má execução da obra, que foi entregue pela construtora menos de dois anos antes da tragédia.
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