A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou internacionalmente, nesta segunda-feira (2), em Brasília, o Programa Fiocruz de Certificação de Bancos de Leite Humano (PCFioBLH). Trata-se de uma ação estratégica da instituição, em conjunto com o Ministério da Saúde e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), que visa fortalecer a capacidade científica, produtiva, tecnológica, gerencial e de garantia de qualidade da Rede Global de Bancos. Leite Humano.
A iniciativa visa não só atender às demandas do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também dos países cooperantes para a segurança alimentar e nutricional no cuidado de recém-nascidos e lactentes. O lançamento marca também a implementação do programa em Cabo Verde, Guatemala e Paraguai.
“O programa de certificação de qualidade do banco de leite humano foi inteiramente desenvolvido nos laboratórios da Fiocruz. Consolidamos três décadas e meia de pesquisa. O programa visa dotar a rede de bancos de leite humano de cada um dos países participantes nesta iniciativa com um sistema formal de avaliação contínua da eficácia das ações desenvolvidas pelas unidades que os compõem, garantindo a qualidade dos produtos e processos”, disse João Aprígio, pesquisador da Fiocruz envolvido com o tema desde a década de 1980, no evento de lançamento.
Avaliação contínua
O programa visa dotar as redes de bancos de leite humano dos países participantes com um sistema de avaliação contínua, garantindo a qualidade dos produtos, processos e serviços.
Ao mesmo tempo, a iniciativa proporciona um sistema dinâmico de informação sobre oportunidades de melhoria. Garantir o acesso e a qualidade do leite humano são os pilares da segurança alimentar e nutricional, explicou João Aprígio, e, para isso, a certificação torna-se decisiva, além de ser uma inovação nos serviços dos sistemas de saúde dos países colaboradores.
O projeto foi lançado no ano passado, trabalhando primeiro no Brasil, especialmente em Brasília, única cidade do mundo autossuficiente em leite humano, e depois em El Salvador, para fins de prospecção e avaliação. Agora, começa a ser implementado em outros países em parceria com a ABC.
“É uma alegria porque a Rede Banco de Leite Humano é um programa que nos move por tudo que consegue fazer, principalmente salvar vidas de crianças. É muito simbólico que aconteça aqui no Distrito Federal porque Brasília é a única cidade autossuficiente em leite humano. No momento em que construímos a certificação de qualidade, damos mais um passo que permite ao banco de leite ter a força que tem. O banco está dando mais um passo em termos de capacitação, apoiando a implementação, monitorando, registrando resultados importantes e, principalmente, protegendo nossas crianças e salvando vidas”, explicou Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz/Brasília.
A rede de bancos de leite de Cabo Verde funciona há mais de uma década e é considerada um projeto consolidado, razão pela qual o país foi escolhido como um dos três membros iniciais do Programa de Certificação.
Triangulação
A medida inaugura também um novo sistema de colaboração, numa espécie de triangulação. “Operamos sempre com um processo de colaboração bilateral. A ideia agora é capacitar Cabo Verde para atuar também na implementação do programa nos países vizinhos. Isso gera mais competência local e reduz custos”, garantiu João Aprígio. “É como se fossem centros colaborativos regionais.”
O mesmo acontece com o Paraguai, para os países do sul do continente, e com a Guatemala, onde os bancos de leite humano operam há mais de 16 anos com a cooperação brasileira, em relação à América Central. “Em vez de os profissionais virem para o Brasil, eles receberiam treinamento em suas próprias regiões. Isto aumenta a capacidade de resposta, sem perder de vista o networking”, acrescentou João Aprígio.
A implementação do programa em Cabo Verde, Guatemala e Paraguai reafirma o compromisso da cooperação técnica internacional brasileira na busca de alternativas que permitam reduzir mortes de recém-nascidos e lactentes, bem como prevenir a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, alcançando o que foi acordado no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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