O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, alertou nesta terça-feira (27) sobre a rápida subida do nível do Oceano Pacífico. Afirmou que os países da Oceania correm “grave perigo”.
A ONU divulgou dois relatórios durante o Fórum das Ilhas do Pacífico em Tonga nesta terça-feira. A investigação mostra que as temperaturas da água na região aumentaram mais rapidamente do que as médias globais.
A situação levou o secretário-geral António Guterres a lançar um “SOS climático”. “Estou em Tonga para emitir um SOS global – Save Our Seas – sobre o rápido aumento do nível do mar. Uma catástrofe à escala global está a colocar em risco este paraíso do Pacífico”, declarou.
“A subida do nível do mar é uma crise inteiramente criada pela humanidade, uma crise que em breve atingirá uma escala quase inimaginável sem um barco salva-vidas que nos leve de volta à segurança. Mas se salvarmos o Pacífico, também nos salvaremos”, acrescentou.
Estudos mostram que o nível do Oceano Pacífico aumentou 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas regiões, enquanto a média global foi de 9,4 centímetros. Esse aumento é consequência das altas temperaturas, responsáveis pelo derretimento das calotas polares.
Ilhas do Pacífico estão mais expostas a desastres climáticos
Um dos relatórios divulgados esta terça-feira, elaborado pela Organização Meteorológica Mundial, mostra que as temperaturas da superfície do mar no sudoeste do Pacífico aumentaram três vezes mais rapidamente do que a média global desde 1980.
A região sofreu 34 tempestades e inundações no ano passado, que deixaram mais de 200 mortos e afectaram mais de 25 milhões de pessoas. Em locais como as capitais de Samoa e Fiji, o aumento do nível do Oceano Pacífico foi quase o triplo da média.
O cenário suscita preocupação em todo o mundo, mas as ilhas do Pacífico são as que correm maior perigo. Cerca de 90% da população vive a apenas 5 km da costa e metade da infraestrutura fica a 500 metros do mar.
Descubra Tuvalo, o país que pode desaparecer com o aumento do nível do Oceano Pacífico
Os cientistas alertam ainda que Tuvalu, um pequeno país formado por um grupo de nove ilhas na Oceania, poderá desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo num cenário de aquecimento global moderado.
A nação poderá ser engolida pelas águas dada a rápida elevação do nível do Oceano Pacífico, observada em relatórios divulgados pela ONU. O ponto mais alto de Tuvalu fica a apenas cinco metros acima da superfície do mar.
“É cada vez mais evidente que estamos sem tempo para reverter a maré”, alertou a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial.
O pequeno arquipélago da Oceania é habitado por cerca de 11 mil pessoas. Em novembro de 2023, a Austrália chegou a um acordo para receber o refugiados climáticos de Tuvalu, que perderão as suas casas se o nível do Oceano Pacífico subir ainda mais.
Em 2021, na COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), o ministro Simon Kofe chamou a atenção do mundo ao gravar um discurso no mar, de terno e gravata, com água até os joelhos.
“Estamos afundando, mas o mesmo está acontecendo com todos. Não importa se sentimos os efeitos hoje, como Tuvalu, ou daqui a 100 anos”, alertou.
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