A campanha Agosto Branco, iniciada nesta quinta-feira (1º), tem como objetivo conscientizar a população sobre o câncer de pulmão. As estimativas de câncer de traqueia, brônquios e pulmão para o triênio 2023 a 2025 são de 32.560 novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Somente no estado do Rio de Janeiro, o número estimado de casos de tumores de traqueia, brônquios e pulmão, para cada ano do período 2023-2025, é de três mil novos pacientes, sendo 1.550 entre homens e 1.450 entre mulheres.
“A campanha é fundamental para conscientizarmos sobre o câncer de pulmão, os principais sinais e sintomas e, principalmente, como preveni-lo. É uma doença extremamente evitável”, afirmou o oncologista clínico do Inca, Luiz Henrique Araújo.
Segundo o médico, a maior parte desse tipo de câncer está associada ao tabagismo. Na opinião do oncologista, as campanhas antitabagismo são essenciais para minimizar o risco de câncer de pulmão. Ele indicou que quem fuma deve consultar um médico, seja clínico ou pneumologista, e discutir as possibilidades de tratamento e parar de fumar.
Para pessoas que fumam e têm entre 55 e 70 anos de idade, recomenda-se agora uma tomografia torácica anual de baixa dose para detectar lesões em fases muito iniciais. “Isso reduziu muito a mortalidade por câncer de pulmão”, alertou Luiz Henrique, em entrevista à Agência Brasil.
Prevenção
A médica Tatiane Montella, oncologista torácica da Oncoclínicas do Rio de Janeiro, destacou que o câncer de pulmão tem uma relação muito forte com o tabagismo. “Oitenta por cento dos pacientes tiveram alguma exposição ao fumo. Por isso é tão importante falar sobre esse tema, porque a prevenção é a principal ação para reduzir o número de pacientes com câncer de pulmão”, disse ela à Agência Brasil.
Ela informou ainda que os 20% restantes são de pacientes sem relação com o tabagismo. “Possivelmente, essa parcela de pacientes apresenta algum erro na estrutura do DNA ou RNA do tumor, o que faz com que as células proliferem de forma incorreta. O que leva a esse erro ainda está em análise. Essas mutações desencadeiam o desenvolvimento da célula tumoral.”
Em relação à prevenção, Tatiane Montella disse que a principal ação é não fumar ou parar de fumar, para evitar o câncer de pulmão. “O Brasil foi, por muitos anos, o país que mais se orgulhou de suas políticas antitabagismo, que reduziram muito a incidência do tabagismo, e isso foi propagado como referência internacional”. Agora, o país enfrenta esta nova onda de consumo de tabaco através de cigarros eletrônicos, que vem afetando, principalmente, a população mais jovem, entre 18 e 24 anos.
Cigarro eletrônico
A oncologista afirmou que, embora conte com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proibir a venda de cigarros eletrônicos, também chamados de ‘vapes’, o consumo desse tipo de cigarro vem crescendo entre os jovens. “O que vemos, nos últimos dados epidemiológicos, é que a incidência do cigarro eletrónico está a aumentar nesta população jovem que, de facto, está a ter maior exposição.” Ela acrescentou que ainda é preciso entender melhor as consequências do cigarro eletrônico ao longo dos anos, por se tratar de uma tecnologia muito recente. Mas, no curto prazo, os danos que isso pode trazer, como doenças pulmonares intersticiais agudas e, no longo prazo, uma relação direta com o câncer de pulmão e outras neoplasias que o tabagismo causa.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e pela organização global de saúde pública Vital Strategies, em 2023, indicou que pelo menos um em cada quatro brasileiros de 18 a 24 anos (23,9%) já usou cigarro eletrônico.
Luiz Henrique Araújo confirmou o crescimento do uso do cigarro eletrônico entre os jovens, virando tendência, com a sensação de ser um produto diferente do cigarro. “Mas já está mais do que demonstrado que também liberta substâncias cancerígenas e está associado tanto a doenças pulmonares letais não oncológicas como oncológicas. A campanha antitabagismo inclui os cigarros eletrônicos, que estão mais em voga atualmente.”
Na opinião do oncologista clínico do Inca, a medida da Anvisa contra a entrada de “vapes” no Brasil foi fundamental, mas ele comentou que o produto tem penetração muito forte em países europeus e nos Estados Unidos. “Independentemente da Anvisa, os cigarros eletrônicos estão disponíveis, as pessoas estão usando e, infelizmente, isso está criando uma futura geração de pacientes com câncer de pulmão”, alertou o oncologista do Inca.
Araújo afirmou que a maioria dos casos de câncer de pulmão são assintomáticos, descobertos por acaso. O sintoma mais comum é tosse, que pode estar associada a bronquite crônica ou pigarro devido ao fumo. Mas quando essa tosse está piorando ou associada a sangue no escarro, vale consultar o médico do paciente. Outros sintomas menos comuns são falta de ar, perda de peso, febre, dor no peito, que também podem levar a atendimento médico.
Pressão
O diretor-executivo da Fundação do Câncer, cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, disse à Agência Brasil que continua a haver uma pressão muito forte da indústria do tabaco para liberar cigarros eletrônicos no Brasil, embora a Anvisa tenha reforçado a regulamentação que proíbe a entrada de ‘vapes’ no país. Por isso, a entidade reforça a importância da manutenção da política de proibição e controle do tabaco. “Porque sabemos dos dados alarmantes sobre o câncer de pulmão”, disse ele.
Mesmo com todos os avanços da medicina, com a inclusão de procedimentos e novos medicamentos, que permitem controlar muitos casos de câncer, o câncer de pulmão apresenta alta letalidade. “Temos mais de 30 mil novos casos de câncer de pulmão por ano e cerca de 30 mil mortes por ano. É uma letalidade muito alta”, destacou.
Maltoni lembrou que 80% dos cânceres de pulmão são diagnosticados em estágio mais avançado. Por isso, disse ser fundamental alertar a população para a importância de prevenir e evitar o principal agressor do desenvolvimento do cancro do pulmão, que é o tabagismo, com foco agora nos cigarros eletrónicos, especialmente entre os mais jovens.
No próximo Dia Nacional Antitabagismo, celebrado a 29 de agosto, a Fundação do Cancro prepara uma campanha abordando os malefícios dos cigarros eletrónicos e divulgando o movimento ‘Vape off’ nos meios de comunicação social, “visando sensibilizar, sobretudo os jovens, não usar tabaco. neste caso dos cigarros eletrônicos”, disse Maltoni.
Segundo ele, com a participação de alguns parceiros, será desenvolvido um desafio universitário, envolvendo instituições de ensino superior de todo o país, para que possam apresentar projetos que conscientizem a população em geral, e os jovens em particular, sobre os malefícios de cigarros eletrônicos. . O objectivo é reforçar ainda mais a política de controlo do tabaco.
“Evoluímos tanto, reduzimos muito o número de fumantes no Brasil e não podemos agora voltar atrás nessa pressão da indústria com o cigarro eletrônico, permitindo que surja uma nova juventude que pensa que esse ‘vape’ é menos problemático . Daríamos dez passos para trás. Essa é uma preocupação de todos nós”, disse o médico.
Monitorando
O coordenador do Comitê Científico do Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), médico Paulo Corrêa, lembrou que o câncer de pulmão é uma das principais doenças crônicas do país. E a entidade tem se pautado por ações legislativas e políticas. Segundo ele, a SBPT publicou, este ano, as diretrizes brasileiras para rastreamento do câncer de pulmão.
Corrêa destacou que o rastreamento é uma estratégia importante do ponto de vista populacional, porque o câncer de pulmão pode não causar sintomas, mas pode matar pessoas. “Quando o diagnóstico é feito, a pessoa já pode morrer.” Ela explicou que cerca de 20% dos cânceres de pulmão podem ser resolvidos com tratamento cirúrgico.
A SBPI incentiva as pessoas a abandonarem o tabagismo, seja ele convencional ou eletrônico, sabendo que sete anos após parar de fumar, as pessoas têm uma redução de 20% no risco de câncer de pulmão e, segundo estudo norte-americano, em até 15 anos após a cessação do tabagismo, 38 % dos pacientes podem ser salvos. “Ambas as coisas são importantes: tanto a cessação do tabagismo como o rastreio do cancro do pulmão, que podem salvar vidas.”
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