A enfermeira Marcilane Espíndola foi presa após realizar procedimentos estéticos sem o treinamento necessário em Goiânia, Goiás. A Polícia Civil explica que ela afirmava aplicar ácido hialurônico, mas, na verdade, injetava PMMA em seus pacientes.
Cerca de 20 mulheres denunciaram o profissional após terem seus corpos deformados em decorrência de procedimentos estéticos. Marcilane estava proibida de atuar pela Justiça desde agosto do ano passado.
Por descumprimento, a Justiça determinou a prisão preventiva da enfermeira. Ela passou por audiência de custódia e, por ter um filho recém-nascido, o presídio foi convertido em lar com tornozeleira eletrônica.
A enfermeira foi indiciada pelos crimes de lesão corporal, exercício ilegal de medicina e peculato. No ano passado, 17 mulheres denunciaram Marcilane por complicações causadas por procedimentos.
Dor e formigamento
Carla Borges fez um procedimento estético nos seios na clínica clandestina onde Marcilane trabalhava. Em entrevista à Record, a paciente contou que, quando a enfermeira foi colocar o fio de apoio para levantar a mama direita, o músculo estava amarrado.
O procedimento, realizado em janeiro deste ano, resultou em infecção para Carla. “Muita dor e formigamento juntos”, lamenta ela.
Não era ácido hialurônico
A delegada Luiza Veneranda destaca que todas as mulheres acreditavam que a enfermeira aplicaria ácido hialurônico, “que é uma substância muito utilizada, segura e reversível, como ela disse”.
Porém, segundo a Polícia Civil, a mulher aplicou PMMA, que é um polímero plástico não absorvido pelo organismo.
Defesa da enfermeira
O advogado da enfermeira considerou a medida extrema. Em nota à Record, ele explica que Marcilane está à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.
Sobre PMMA
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) explica que o polimetilmetacrilato, ou PMMA, é um componente plástico com diversas utilizações na área da saúde e outros setores.
Alguns exemplos de uso são lentes de contato, implantes esofágicos, cimento ortopédico, entre outros.
Uma das aplicações do produto é para preenchimento dérmico, com uso restrito a profissionais habilitados. No Brasil, o PMMA para preenchimento subcutâneo precisa ser registrado na Anvisa, por ser um produto para saúde da classe de risco máximo.
De acordo com as orientações do fabricante, aprovadas pela Anvisa, a dose utilizada é aquela estritamente necessária para corrigir defeitos da pele. Portanto, depende de avaliação médica.
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