Mais de dois meses depois das primeiras enchentes registradas no Rio Grande do Sul, o estado já registra 546 casos confirmados de leptospirose e 25 mortes causadas pela doença.
Dados da Secretaria de Saúde mostram que, no total, foram notificados 6.520 casos, dos quais 3.811 permanecem em investigação. Ainda há seis mortes relatadas que permanecem sob investigação.
Os óbitos foram notificados nos seguintes municípios gaúchos: Teutônia (1); São Jerônimo (1); Esteio (1); Estrela (1); Capela de Santana (1); Rio Grande (1); Pelotas (1); Venâncio Aires (1); Três Coroas (1); Almofada (1); Sapucaia do Sul (1); Igrejinha (1); Guaíba (1); Encantado (1); Charqueadas (1); Cachoeirinha (1); Alecrim (1); Canoas (2); Viamão (2); São Leopoldo (2); Alvorada (2); Novo Hamburgo (2); e Porto Alegre (4).
Entender
A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela exposição direta ou indireta à urina de animais infectados (principalmente ratos), que pode estar presente na água ou lama de áreas alagadas.
O contágio pode ocorrer pelo contato da pele com água contaminada, bem como de mucosas. Os sintomas normalmente aparecem de cinco a 14 dias após a contaminação e podem durar até 30 dias.
Considerando o cenário atual de chuvas e enchentes em diversas regiões do estado, os casos suspeitos originados em áreas alagadas e com sintomas compatíveis com a doença devem iniciar tratamento medicamentoso imediato, por meio do uso de antibióticos. Quando possível, deverá ser coletada amostra a partir do sétimo dia após o início dos sintomas para envio ao Laboratório Central do estado.
Para casos leves, a recomendação é que o atendimento seja ambulatorial. Nos casos graves, a internação deve ser imediata, visando evitar complicações e reduzir a letalidade. A automedicação não é recomendada.
Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar um serviço de saúde e relatar contato com exposição ao risco. O uso de antibióticos, conforme orientação médica, costuma ser mais eficaz na primeira semana após o início dos sintomas.
Limpeza
Em locais invadidos por águas pluviais, a recomendação da Secretaria de Saúde é desinfetar o ambiente com água sanitária (hipoclorito de sódio 2,5%), na proporção de um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água. Outras medidas de prevenção são: manter os alimentos armazenados em recipientes bem fechados, manter a cozinha limpa e sem resíduos de alimentos e retirar restos de comida ou de animais de estimação antes de escurecer.
Além disso, manter o terreno limpo e evitar entulhos e acúmulo de objetos nos quintais são medidas que ajudam a prevenir a presença de roedores. A luz solar também ajuda a matar as bactérias.
Vigilância
Desde o início das enchentes no Rio Grande do Sul, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde monitora doenças e lesões relacionadas a esse tipo de calamidade. Até o dia 3, além dos casos de leptospirose, foram notificadas 10 vítimas de tétano acidental, sendo quatro confirmadas; 25 casos de hepatite A, dos quais um foi confirmado; 3.866 casos em que foi necessário administrar cuidados antirrábicos; e 959 acidentes com animais peçonhentos.
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