O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira em entrevista ao portal Uol que o governo está fazendo um pente fino nos gastos da União, mas que é preciso saber se o “problema” é “cortar ou aumentar receita”. “.
No início da semana passada, Lula fez uma série de críticas ao presidente do Banco, Roberto Campos Neto, em entrevista à rádio CBN. Com o passar dos dias, a presidente fez novas declarações e voltou a subir o tom contra Campos Neto, a quem classificou, na sexta-feira, como adversário “político, ideológico e do modelo de governação”.
Na mesma entrevista, à rádio Mirante News FM, de São Luís, o presidente também disse que está chegando a hora de substituí-lo por outro, referindo-se ao fim do mandato como presidente do BC no final de 2024.
— O presidente do Banco Central é um adversário político, ideológico e adversário do modelo de governança que temos. Ele foi nomeado pelo governo anterior e faz questão de demonstrar que não está preocupado com a nossa governança, o que o preocupa é com o que se comprometeu – disse Lula em entrevista à rádio maranhense Mirante News FM.
A semana passada foi marcada por sucessivas críticas do chefe do Executivo de Campos Neto. Nos últimos dias, Lula disse que o presidente do BC “tem partido” e não demonstra “capacidade de autonomia”.
— É hora de mudar, vamos ter que retirá-lo e colocar outra pessoa, e acho que as coisas vão voltar ao normal, porque o Brasil é um país muito confiável. Esse nervosismo especulativo que está acontecendo não afetará a seriedade da economia brasileira — acrescentou Lula.
Na quinta-feira, Lula havia lamentado a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, após sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano passado, quando a taxa era de 13,75%. .
A decisão do Copom sobre a manutenção da taxa básica de juros ocorreu na quarta-feira. Até os diretores indicados por Lula, que vêm pedindo juros mais baixos, votaram pela interrupção do ciclo de cortes.
Campanha
Em entrevista à rádio Verdinha, de Fortaleza, também na semana passada, Lula havia afirmado que fará campanha contra “opositores ideológicos” nas eleições municipais de outubro, mas considerou que precisará ter cuidado para não ter “um revés no Congresso Nacional” com eventual descontentamento dos partidos que compõem a base do governo.
— A função do Presidente da República é uma função que exige mais cuidado e responsabilidade. Tenho que levar em conta que, embora pertença a um partido político, tenho uma base de apoio no Congresso Nacional que vai além do meu partido. Então eu tenho que levar em conta se nas cidades estão concorrendo esses partidos que me apoiam, tenho que levar em conta quem são os adversários e depois em qual adversário ideológico ou adversário negacionista, podem ter certeza que vou fazer campanha – afirmou em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza (CE), nesta quinta-feira.
O presidente tem se comprometido pessoalmente com a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) à prefeitura de São Paulo. Na cidade, Boulos enfrentará Ricardo Nunes (MDB) e Tábata Amaral (PSB), que fazem parte de partidos que compõem a aliança de base do governo.
Lula continuou afirmando que fará campanha a partir das 18h, referindo-se ao fim da jornada de trabalho:
— Vou manter meu horário de trabalho em Brasília e vou ficar trabalhando até as 18h, mas quando forem 18h, quando todos tiverem direito de ir para casa, vou fazer campanha pelos candidatos que eu acho que vão melhorar a vida do povo, mas com muito cuidado porque não posso ser pego de surpresa e depois ter um retrocesso no Congresso Nacional de descontentamento — disse.
Derrotas no Congresso
O governo acumulou uma série de derrotas recentes na relação com o Congresso, como a derrubada do veto às restrições à “saída” de presos e a volta da Medida Provisória Pis/Cofins, iniciativa que alterou o sistema de crédito tributário e foi defendido pela equipe econômica como alternativa para compensar a desoneração da folha de pagamento em 17 setores intensivos em mão de obra e municípios com até 156 mil habitantes.
Na Esplanada, por sua vez, Juscelino Filho foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa por suposta participação em esquema de desvio de emendas parlamentares. O ministro nega qualquer irregularidade e creditou a atuação da PF a uma “ação política e previsível”.
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