O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (21), que deverá sancionar o projeto de lei que propõe a legalização dos cassinos e jogos de azar, como o bingo e o Jogo do Bicho, no Brasil. Para Lula, porém, não é isso “que vai salvar o país” em termos de receita e geração de empregos.
Em entrevista à Rádio Meio Norte, de Teresina, no Piauí, o presidente disse que, se o texto for aprovado no Congresso, com acordo entre os partidos políticos, “não há motivo para não sancioná-lo”. Lula cumpre hoje sua agenda de trabalho na capital piauiense.
Na última quarta-feira (19), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, por 14 a 12 votos, o relatório sobre o Projeto de Lei 2.234/2022, que saiu da Câmara dos Deputados, onde foi aprovado, e está em tramitação. avanços no Senado desde 2022. O assunto agora deve ser encaminhado ao plenário da Câmara.
A proposta prevê permissão para instalação de cassinos em centros turísticos ou complexos integrados de lazer, como hotéis de alto padrão (com no mínimo 100 quartos), restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais. O texto também propõe a possível emissão de licença para cassino em cada estado e no Distrito Federal. Alguns estados teriam exceção, como São Paulo, que poderia ter até três cassinos, e Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará, com até dois cada, de acordo com o tamanho da população ou território.
A exploração de jogos de azar no Brasil é proibida desde 1946. Parlamentares contrários ao projeto argumentam sobre o aumento do vício em jogos de azar e a criação de um ambiente favorável à prostituição, ao consumo de drogas e à máfia.
O presidente Lula disse que não joga, não é a favor de jogos, mas também não acha crime.
“Houve um tempo em que essa conversa sobre jogos de azar tinha alguma verdade. De todos os jogos que acontecem, sempre achei que o jogo do bicho era o jogo que mais distribuía dinheiro, porque o cara ganha R$ 50, R$ 40, R$ 30. Isso é considerado contravenção, é proibido. Jogar cartas, jogar pôquer, apostar dinheiro é proibido, cassino é proibido. Mas é o jogo que se tem hoje na televisão, no desporto? Criança com celular na mão, fazendo apostas o dia todo. Quem segura isso? ele perguntou.
“Não acredito no ditado que diz que ‘se houver um casino os pobres gastarão tudo o que têm’. Os pobres não vão ao casino, os pobres vão trabalhar no casino, podem até ver a sua cidade desenvolver-se, mas não vão porque o casino é uma coisa para quem tem dinheiro”, acrescentou o presidente.
Os partidários do projeto argumentam sobre os ganhos econômicos, a geração de empregos e o desenvolvimento turístico das regiões com a presença dos cassinos, além do aumento da arrecadação de impostos para o governo. Apesar de concordar com esses benefícios, para Lula, “não é isso que vai resolver o problema do Brasil”.
“Essa promessa fácil de que vai gerar dois milhões de empregos, de que vai se desenvolver, também não é verdade. Meu jogo é fazer a economia brasileira voltar a crescer, meu jogo é investir muito na educação profissional e técnica, nas universidades e no ensino fundamental. Meu jogo é fortalecer as escolas de tempo integral em todo o Brasil, gerar empregos, aumentar salários, distribuir renda porque é isso que deixa o povo feliz. É neste jogo que o povo tem que apostar e é neste jogo que o povo vai ganhar”, destacou.
Leilão de arroz
Durante a entrevista, o presidente também comentou sobre a oferta de arroz no país e afirmou que estão sendo realizados leilões para importação de 1 milhão de toneladas do grão. Para ele, a “decisão drástica” de importar o produto se deu pelo aumento do preço para o consumidor final.
“O cara me mostrou um saco de arroz de 5 quilos [kg] a R$ 36 reais, a R$ 33. Eu falei ‘não é possível’, as pessoas não podem pagar R$ 36 por um pacote de 5 kg, esse arroz é caro, então tomei a decisão de importá-lo. Aí tivemos o leilão cancelado porque houve fraude em uma das empresas”, disse.
O governo federal decidiu cancelar o leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 6 de maio e cancelou a compra de 263,3 mil toneladas de arroz que seriam importadas pelo país, por “fragilidades” no edital de licitação. . As empresas participam do leilão representadas por corretoras nas bolsas de mercadorias e cereais e só são conhecidas no final.
Um novo edital será publicado, com alterações nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão.
“Mas por que eu deveria me importar? Porque o arroz tem que chegar à mesa do povo [no máximo] a R$ 20 o pacote de 5 kg, que compra R$ 4 o quilo de arroz, mas não pode ser por um preço exorbitante”, disse, reafirmando também a intenção do governo de ampliar a área de produção de arroz do país. “Vamos financiar, vamos oferecer ao cara o direito de plantar e vamos dar garantia de preço para que as pessoas não sofram prejuízo.”
O objetivo da importação de arroz é garantir o abastecimento e estabilizar os preços do produto no mercado interno, que teve um aumento médio de 14%, chegando a 100% em alguns locais, após as enchentes no Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano. ano.
O estado é responsável por cerca de 70% do arroz consumido no país. A produção local foi afetada tanto na fazenda quanto nos armazéns, além de ter a distribuição afetada por questões logísticas no estado.
*Com informações da Agência Brasil
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