Deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) abriram na semana passada cinco Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigações diversas, repetidas e sem foco específico. Dados da própria Alesp mostram, porém, que outras 34 investigações, das 99 realizadas por parlamentares desde meados da década de 1990, não tiveram sequer relatório final, documento que apresenta os resultados da comissão e medidas para resolver os problemas destacados na investigação.
Mesmo quando há um relatório final, em geral, as propostas feitas ao final dos trabalhos acabam nunca saindo do papel. Especialistas afirmam que a manutenção de cinco CPIs impede a abertura de qualquer outra investigação, que possa proteger o Poder Executivo, além de servir de palco para promoção pessoal. A Alesp argumenta, porém, que cumpre o procedimento regimental (veja abaixo).
Nos próximos quatro meses, os parlamentares vão discutir e debater temas como a pedofilia, a crise financeira das Santas Casas, os serviços prestados pelas empresas de telefonia, TV paga e internet, o prejuízo bilionário das Lojas Americanas (BVMF:) e o tratamento dado pelos municípios aos moradores de rua. Dessas, as três primeiras questões já foram motivos de abertura de CPIs em legislaturas anteriores e os parlamentares não conseguiram avançar em benefício da população paulista, como mostram documentos da Casa Legislativa e avaliam especialistas da área.
Na atual legislatura, os deputados irão investigar “o crime de pedofilia no interior do Estado de São Paulo e suas ligações com outros Estados e países”. O assunto já foi objeto de CPI e o relatório final foi apresentado em 2010. Na época, a deputada Beth Sahão (PT), relatora da comissão, afirmou que a investigação incluía violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. O relatório final apontou, por exemplo, que os crimes foram subnotificados, em parte porque os adultos se consideram “donos da criança”.
Segundo a Alesp, em publicação de 14 anos, “a reportagem de Beth Sahão concluiu que o Brasil faz parte da rede que conecta pedófilos de todo o planeta, por meio da internet, considerada o paraíso dos pedófilos, que se consideram fora de alcance da lei ao utilizar os meios de propagação do crime”.
A CPI é um mecanismo de monitoramento dos parlamentares. Segundo o mestre em direito constitucional pela Universidade de São Paulo (USP) Antonio Carlos de Freitas Junior, a CPI é um mecanismo inútil porque não tem poder de julgar. “A CPI não tem finalidade jurisdicional, é um órgão da Assembleia Legislativa, é para fazer inquérito, fazer um relatório, que vai ser enviado ao Ministério Público, que pode investigar mais, pode arquivar. do lado prático, é absolutamente inútil. O que é a CPI? É glamourização, aumento de repercussão política”, avalia Freitas Junior.
Todas as CPIs têm prazo de até 120 dias na Alesp, mas podem ser prorrogadas por mais 60 dias, com prazo final, portanto, de 180 dias. “A CPI precisa de um fato específico e de um prazo específico. Não pode ser para o infinito”, disse Freitas Junior, que também menciona que, hoje em dia, os parlamentares estão mais preocupados em registrar trechos de participações em CPIs para publicações nas redes sociais.
Pelo regimento interno da Casa, para abrir uma CPI basta a assinatura de um terço dos parlamentares. Uma sexta CPI não poderá ser aberta enquanto as outras cinco estiverem em funcionamento, a menos que seja autorizada pela maioria absoluta dos deputados, ou seja, 48 parlamentares no caso da Alesp.
Na opinião de Alexandre Rollo, doutor em direito das relações sociais e advogado constitucional, a Alesp abre cinco CPIs de uma só vez para evitar uma possível investigação contra qualquer membro do Poder Executivo – atualmente comandado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Agora a sexta CPI que seria aberta não dependeria mais da minoria. E, com a abertura dessas cinco, a possível sexta CPI, conforme regimento interno da Alesp, exigiria aprovação qualificada da maioria absoluta e, então, o governador já conseguiria segurar, porque tem essa maioria absoluta a seu favor”, disse Rollo. “Então, se tiver um problema envolvendo, por exemplo, o governador, daqui a um mês aparecer um escândalo sobre alguma coisa, você não vai conseguir mais abrir a sexta CPI porque as cinco já estão abertas”.
Entre as CPI abertas desde meados da década de 1990, 34 comissões não apresentaram nem votaram o relatório final. Na legislatura 2019-2023, por exemplo, os deputados abriram uma CPI para investigar a situação dos alojamentos esportivos em todo o estado. A proposta surgiu após a tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, quando 10 adolescentes entre 14 e 16 anos morreram em um incêndio.
A CPI de Segurança do Alojamento de Clubes Esportivos, porém, realizou apenas duas reuniões, uma para designação de associados. Em outra reunião, foi analisado um convite para o então presidente do Corinthians Andrés Sanchez participar da comissão, mas não foi votado, por exemplo.
Na atual legislatura, as CPIs criadas chegaram a apresentar relatório final. Contudo, as medidas propostas no documento ainda não foram tiradas do papel. Na CPI do Enel (BIT:), por exemplo, houve um pedido de intervenção federal na administração do serviço de fornecimento de energia elétrica na capital e região metropolitana “para proporcionar à população paulista as garantias necessárias à eficiência e à prestação de um serviço de qualidade no o fornecimento de electricidade”.
Alexandre Rollo classifica as CPIs como espetáculo. “Vimos a CPI da Saúde, no Congresso Nacional, quando o senador Renan Calheiros era relator, o Omar Aziz, presidente, foi um espetáculo. Então, muitas vezes as CPIs são usadas para obter ganhos políticos. não é algo que acontece só no Estado de São Paulo”, disse.
A assessoria de imprensa da Assembleia afirmou, em nota, que “todas as Comissões Parlamentares de Inquérito foram instaladas após receberem a assinatura de apoio de pelo menos um terço dos deputados da Câmara – 32 assinaturas, portanto, são regimentais e têm legitimidade para o ato”.
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