Uma investigação da Polícia Federal sobre suspeita de venda de decisões judiciais chegou nesta quinta-feira, 20, ao maior tribunal estadual do país: o Tribunal de Justiça de São Paulo. O desembargador Ivo de Almeida, presidente da 1ª Câmara de Direito Penal do TJ-SP, foi afastado temporariamente do cargo, por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Og Fernandes. Houve buscas na residência do magistrado e em seu gabinete no centro da cidade.
Uma equipe de 80 agentes também fez buscas em endereços de outros municípios do estado. No total, foram autorizados 17 mandados de busca e apreensão por Og Fernandes. Além do juiz, advogados de regiões como Ribeirão Preto e Taboão da Serra são suspeitos de participar do esquema. O ministro do STJ proibiu o contato entre os investigados e o ingresso de alguns deles no Tribunal de Justiça de São Paulo.
A ofensiva de ontem foi chamada de Operação Churrascada, porque os investigados, segundo a PF, usaram o termo “churrasco” para se referir ao dia da passagem de Ivo de Almeida no TJ-SP – segundo os investigadores, ele negociaria sentenças judiciais em casos sob suas reportagens e nos casos que lhe chegaram em serviço judicial.
Procurado por meio de seu gabinete, o desembargador Ivo de Almeida não se manifestou até a publicação deste texto. O Tribunal de Justiça de São Paulo respondeu que cumprirá as determinações do STJ e adotará as medidas cabíveis.
A decisão de Og Fernandes, relator do processo no STJ, prevê a destituição de Ivo de Almeida por um ano. Aos 66 anos e 37 de carreira, Almeida foi promovido ao cargo de juiz em 2013. Ingressou na magistratura em 1987, e atuou em tribunais de Bauru, São Bernardo do Campo, Cananéia e Registro.
Na capital, a juíza atuou na 2ª Vara Criminal e no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Tribunal Regional de Santana. Ele era desembargador do Carandiru em 1992, quando houve um massacre que deixou 111 mortos na penitenciária.
Implantação
A PF informou que a Operação Churrascada é um desdobramento de outra ofensiva, a Operação Contágio, deflagrada em 2021. O Contágio investigou suspeitas de desvios de recursos de saúde por meio de uma organização social que assinou contratos com os municípios paulistas de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Hortolândia , São Vicente e Cajamar.
Um dos alvos de Churrascada, Wellington Pires da Silva, foi indiciado por Contágio, em 2021, o que indicava suspeita de peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os investigadores estimam que mais de R$ 40 milhões foram desviados pelo esquema frustrado no Contágio. A PF indiciou 27 pessoas sob investigação.
O relatório final do caso, de mais de 200 páginas, detalhou as etapas da investigação que durou quase dois anos, entrevistou mais de 40 pessoas e incluiu duas etapas ostensivas, realizadas em abril e maio de 2021, com o cumprimento de diversos mandados de prisão e busca e apreensão.
Habeas corpus
Segundo a PF, três alvos da Operação Churrascada fazem parte de um habeas corpus e de um recurso criminal julgado pelo TJ de São Paulo em 2019, sob relatoria do desembargador Ivo de Almeida. O episódio levantou suspeitas dos investigadores.
O habeas corpus foi impetrado pelo advogado Luiz Pires Moraes Neto em benefício de Adormevil Vieira Santana. Ele, junto com Sérgio Armando Audi, foi condenado pela 21ª Vara Criminal de São Paulo a sete anos de prisão, em regime fechado, por roubo qualificado e peculato, sem direito a recurso em liberdade.
A defesa dos condenados alegou demora excessiva na análise do recurso interposto contra a condenação, pedindo a libertação de Adormevil. De acordo com o voto de Ivo de Almeida, a 1ª Câmara de Direito Penal do Tribunal de Justiça de São Paulo negou o despacho, alegando que analisaria o recurso da defesa.
Meses depois, a mesma turma do Tribunal acolheu parcialmente o recurso da defesa e alterou o regime de pena inicial de Adormevil Santana e Sérgio Audi para semiaberto. O então relator, Almeida entendeu que era cabível flexibilizar o regime de cumprimento de pena, “apesar da reincidência dos réus”.
Luiz Pires Moraes Neto, Adormevil Santana e Sérgio Audi não foram localizados.
Tribunal diz que cumprirá determinações do STJ
Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) afirmou que cumprirá todas as decisões proferidas pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Og Fernandes no âmbito da Operação Churrascada.
“O Tribunal de Justiça, por meio de seu presidente (desembargador Fernando Antonio Torres Garcia), informa que não houve comunicação prévia da operação deflagrada pela Polícia Federal. De qualquer forma, a presidência do tribunal cumprirá imediatamente as determinações emanadas do do Superior Tribunal de Justiça”, afirma o comunicado. A Corte disse ainda que, “assim que tiver acesso ao conteúdo do processo, adotará as medidas administrativas cabíveis”.
As suspeitas que recaem sobre o juiz Ivo de Almeida causaram grande repercussão no TJ-SP e entre os advogados criminais. Alberto Zacharias Toron, com larga experiência em ações na Justiça estadual, esclareceu que não defende Almeida, mas prestou depoimento. “Conheço o juiz há mais de 30 anos e sempre o considerei um juiz sério, honesto, correto. bom, porque ele é um excelente juiz”, afirmou. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
simulador emprestimo pessoal itau
bancoob codigo
quanto tempo demora para o inss aprovar um empréstimo consignado
inss extrato de empréstimo consignado
como fazer empréstimo pelo bolsa família
simulação emprestimo consignado caixa
banco bmg em fortaleza
emprestimo itaú