Lula critica privatização de Eletrobras e Vale na posse de Chambriard Por Poder360

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta quarta-feira (19.jun.2024) a privatização da Vale (BVMF:) e da Eletrobras (BVMF:) na cerimônia de posse da nova presidente da Petrobras (BVMF:), Magda Chambriard. O evento foi realizado na sede da estatal, no Rio.

“Poderíamos ter aqui ao nosso lado a Eletrobras, que era a maior empresa de energia do nosso país. Poderíamos ter do nosso lado a Vale, que foi privatizada e foi sorteada por 899 mil pequenos fundos onde você não tem dono com quem conversar”, declarou.

Lula afirmou que tem dificuldade de conversar com os representantes da Vale e que, para que uma empresa “boa e grande” funcione bem, é preciso ter um responsável no comando.

O petista também citou os desastres ocorridos nos municípios de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, e criticou o processo de indenização das famílias atingidas pelo rompimento das barragens.

“E quando eu falo que você não tem dono com quem conversar é porque desde Mariana e Brumadinho, com o desastre da barragem, ainda não foi paga indenização para essas pessoas que estão esperando casa e indenização pelos danos, ”ele afirmou.

Em abril deste ano, a Vale fez uma proposta de R$ 72 bilhões para encerrar o processo judicial pelos danos causados ​​pelo rompimento da barragem de Mariana. A oferta foi criticada por prefeitos, que a classificaram como “extremamente baixa” e “desrespeitosa”.

O Chefe do Executivo também aproveitou a oportunidade para defender o papel dos bancos públicos no desenvolvimento econômico brasileiro.

“Estou aqui com a Petrobras, com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], com o Banco do Brasil (BVMF:), com a Caixa Econômica, que são instrumentos que ajudaram o Brasil a se desenvolver. Se não fossem esses bancos públicos e se não fosse uma empresa como a Petrobras, teríamos falido como muitos outros países na crise de 2008 e 2009. Foi graças à operação em conjunto com os bancos públicos e uma empresa do porte da Petrobras que fomos o último a entrar na crise e o primeiro a sair”, disse.

PRIVATIZAÇÃO DA VALE

A Vale passou por um 2º processo de privatização no governo de Jair Bolsonaro (PL). O então ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu a participação do governo nas ações da mineradora de 26,5% para 8,6%. A Vale tornou-se assim uma sociedade anônima, ou seja, uma empresa de controle privado, com capital diluído no mercado.

Foi por isso que Lula fracassou em seu primeiro ataque à Vale neste mandato, em que tentou colocar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora. O governo trabalhou para firmar seu aliado na empresa, mas acabou fazendo um recuo tático diante da resistência dos acionistas privados e da reação negativa do mercado.

PRIVATIZAÇÃO DA ELETROBRAS

A Eletrobras foi privatizada em junho de 2022, também durante a gestão Bolsonaro. Esta não é a primeira vez que Lula critica a privatização da empresa.

Em maio, a AGU (Advocacia-Geral da União) entrou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) para questionar o limite de até 10% do direito de voto da União na Eletrobras.

POSSE DE MAGDA CHAMBRIARD

Apesar da cerimônia de posse nesta quarta-feira (19 de junho), Chambriard já ocupa a presidência da Petrobras há quase um mês. Ela assumiu em 24 de maio, após aprovação do Conselho de Administração da empresa. Ela substituiu Jean Paul Prates, demitido do cargo após um processo de atritos e desgastes dentro do governo.

A cerimônia de posse é mera formalidade, mas desta vez ganhou maiores dimensões com a presença de Lula. É a primeira vez em 12 anos que um Presidente da República participa na tomada de posse de um CEO da estatal. É um sinal do prestígio de Magda. Também esteve presente uma delegação de 7 ministros, entre eles Fernando Haddad (Finanças), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Estes dois últimos são vistos como os pivôs da queda de Prates.

Aqui está a lista das autoridades presentes:

• Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Presidente da República;
• Janja Lula da Silva, primeira-dama;
• Rui Costa, Ministro da Casa Civil;
• Fernando Haddad, Ministro da Fazenda;
• Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia;
• Luciana Santos, Ministra da Ciência e Tecnologia;
• Margareth Menezes, Ministra da Cultura;
• Márcio Macêdo, ministro da Secretaria-Geral da Presidência;
• Laércio Portela, ministro interino da Secom (Secretaria de Comunicação Social);
• Fátima Bezerra (PT-RN), governadora do Rio Grande do Norte;
• Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio;
• Aloizio Mercadante, presidente do BNDES;
• Rodolfo Saboia, regulador da Petrobras;
• Pietro Adamo, presidente do Conselho de Administração da Petrobras;
• Benedita da Silva (PT-RJ), deputada federal;
• Aliel Machado (PV-PR), deputado federal;
• Hugo Leal (PSD-RJ), deputado federal;
• Dimas Gadelha (PT-RJ), deputado federal.

Esta reportagem foi escrita pela estagiária de jornalismo Evellyn Paola sob supervisão da editora assistente Isadora Albernaz.

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