A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que liberta os partidos de dívidas com a Justiça Eleitoral foi retirada da pauta do plenário da Câmara. Como mostra o Estadão/Transmissão (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), alertou dirigentes partidários que só colocará o tema em votação se o Senado se comprometer a aprovar também o texto. A avaliação entre os deputados é que o desgaste com a medida precisa ser compartilhado com os senadores.
A PEC entrou repentinamente na pauta do plenário da Câmara desta terça-feira, 18, mas nunca foi analisada, em meio à espera pela sinalização do Senado e às negociações para mudanças no texto. Como mostra o Estadão/Transmissãosenadores próximos ao presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) avaliam que não há clima político para priorizar o texto na Câmara, o que fez com que a proposta voltasse a ficar paralisada na Câmara.
Segundo fontes, a deputada Renata Abreu (Podemos-SP) é a responsável pela coordenação com os senadores, mas, como Lira não colocou o projeto em votação, é porque ainda não houve “sinal verde” de Pacheco .
Os presidentes dos partidos têm pressionado pela aprovação da PEC, que foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no ano passado, mas não chegou a ser votada na comissão especial, dada a repercussão negativa.
Como já passaram os prazos para análise da comissão especial, o texto poderá ser analisado diretamente no plenário da Câmara. Por se tratar de uma mudança constitucional, a proposta precisa do apoio de pelo menos 308 deputados no plenário da Câmara, em dois turnos de votação. No Senado, o quórum mínimo é de 49 votos no plenário, também em dois momentos, mas a medida pode passar primeiro pelas comissões.
Os deputados pretendem substituir a anistia completa das dívidas partidárias por um “Refis” referente às punições que os partidos sofreram por irregularidades nas eleições, como o descumprimento de percentuais mínimos de mulheres e candidatos negros ao Legislativo. Pela nova versão do texto, o perdão total só se aplicaria às cotas raciais.
O “Refis”, expressão usada para se referir aos programas de renegociação de dívidas, determinaria o pagamento das dívidas pelas partes com correção monetária, mas sem juros e com opção de parcelamento. Na proposta anterior, as associações teriam todas as dívidas canceladas.
A renegociação de dívidas seria possível para punições relacionadas ao descumprimento de cotas de gênero nas eleições de 2022, além de outras irregularidades. No caso das cotas raciais, porém, as dívidas serão canceladas.
Os partidos argumentam que houve uma decisão recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre cotas raciais para as quais não estavam preparados e que isso justificaria o perdão da dívida neste caso.
Reportada pelo deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), a PEC conta com o apoio de quase todos os partidos representados no Congresso Nacional, do PT ao PL.
Segundo fontes, a substituição do cancelamento da dívida pelo Refis é um dos argumentos utilizados na defesa do texto, inclusive nas negociações com senadores.
Para diminuir a rejeição às medidas, os deputados tentam usar o termo “PEC do Refis” em vez de “PEC da anistia”.
Os defensores da proposta afirmam ainda que a matéria estabelece um percentual mínimo de 20% de repasses de fundos eleitorais para candidaturas de pessoas pretas e pardas.
Atualmente, a obrigação dos partidos é simplesmente garantir que o montante de recursos seja proporcional ao número de candidatos negros.
Além disso, outra vantagem seria a garantia expressa de imunidade tributária para legendas.
Estava sendo discutido um dispositivo que estabelecia uma cota de 20% de vagas legislativas para mulheres, porém, este trecho deve ser deixado de fora por falta de acordo.
Houve também a proposta de criação de uma comissão de apuração dentro do TSE ou dentro dos partidos, para evitar autodeclarações fraudulentas e para que os partidos fossem punidos por não repassarem recursos para candidaturas irregulares.
Segundo os parlamentares, o TSE alegou que não foi possível criar uma comissão de medição. A possibilidade de os partidos terem esses painéis ainda poderá ser discutida por meio de emendas em plenário.
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