Deputados propõem substituir a anistia completa das dívidas partidárias por um “Refis” na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera regras sobre punições para partidos que cometeram irregularidades nas eleições, como descumprimento de percentuais mínimos de mulheres e candidatos negros ao Legislativo. Pela nova versão do texto, o perdão total só se aplicaria às cotas raciais.
O “Refis”, expressão usada para se referir a programas de renegociação de dívidas, determinaria o pagamento de multas pelas partes com correção monetária, mas sem juros e com opção de parcelamento. Na proposta anterior, as associações teriam todas as dívidas canceladas.
A PEC entrou na pauta de votação do plenário da Câmara nesta terça-feira, 18, mas não foi analisada. A expectativa é que possa ser votado nesta quarta-feira, 19, caso haja entendimento para que o Senado também possa discutir o assunto.
A proposta foi aprovada no ano passado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas ficou parada em comissão especial, após a repercussão negativa da anistia completa aos partidos. Como já passaram os prazos para análise neste painel, o texto poderá ser analisado diretamente no plenário.
A renegociação de dívidas seria possível para punições relacionadas ao descumprimento de cotas de gênero nas eleições de 2022, além de outras irregularidades. No caso das cotas raciais, porém, as dívidas serão canceladas.
Os partidos argumentam que houve uma decisão recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre cotas raciais para as quais não estavam preparados e que isso justificaria o perdão da dívida neste caso.
Reportada pelo deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), a PEC conta com o apoio de quase todos os partidos representados no Congresso Nacional, do PT ao PL. Segundo fontes, a substituição do cancelamento da dívida pelo Refis é um dos argumentos utilizados na defesa do texto, inclusive nas negociações com senadores. Para diminuir a rejeição às medidas, os deputados tentam utilizar o termo “PEC do Refis” em vez de “PEC da Anistia”.
Os defensores da proposta afirmam ainda que a matéria estabelece um percentual mínimo de 20% de repasses de fundos eleitorais para candidaturas de pessoas pretas e pardas. Atualmente, a obrigação dos partidos é simplesmente garantir que o montante de recursos seja proporcional ao número de candidatos negros. Além disso, outra vantagem seria a garantia expressa de imunidade tributária para legendas.
Estava sendo discutido um dispositivo que estabelecia uma cota de 20% de vagas legislativas para mulheres, porém, este trecho deve ser deixado de fora por falta de acordo.
Houve também a proposta de criação de uma comissão de apuração dentro do TSE ou dentro dos partidos, para evitar autodeclarações fraudulentas e para que os partidos fossem punidos por não repassarem recursos para candidaturas irregulares.
Segundo os parlamentares, o TSE alegou que não foi possível criar uma comissão de medição. A possibilidade de os partidos terem essas bancadas ainda deve ser discutida.
Por se tratar de uma mudança constitucional, o texto precisa do apoio de pelo menos 308 deputados no plenário da Câmara, em dois turnos de votação. No Senado, o quórum mínimo é de 49 votos no plenário, também em dois momentos, mas a proposta pode passar primeiro pelas comissões.
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