(Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que nada foi descartado pelo governo em relação ao ajuste fiscal, incluindo medidas para reduzir despesas, mas afirmou que não pretende equilibrar as contas públicas, prejudicando os mais pobres do país população .
“Nada é descartável… Mas precisamos discutir isso com muita seriedade, porque neste país toda vez que você tenta discutir uma questão de Orçamento você joga nas costas do povo. Eu não sou assim”, disse Lula em tom entrevista à Rádio CBN.
O presidente afirmou que, para cortar despesas orçamentais, a equipa económica precisa apresentar as necessidades, e sinalizou que o governo está a fazer um estudo “sério” sobre o Orçamento.
“A equipa económica tem que apresentar as necessidades de cortes… Se houver alguém a receber o que não deveria receber, deixará de receber”, apontou.
Segundo Lula, o verdadeiro problema do país está no fato de os “ricos” terem tomado conta do Orçamento, com isenções e isenções fiscais totalizando quase 600 bilhões de reais. Criticou a acumulação de isenções sem compensação para “o mundo do trabalho”.
O presidente disse estar disposto a se reunir com empresários e banqueiros para discutir quem são os principais beneficiários dos gastos públicos e destacou que o governo também avalia se há abusos nos programas sociais.
Os receios relativamente aos esforços do governo para ajustar as contas públicas aumentaram desde que o Executivo flexibilizou as suas metas de resultados primários para os próximos anos, em Abril, apesar de ter mantido o objectivo de zerar o défice até ao final deste ano.
Na semana passada, o Executivo sofreu uma derrota no Congresso quando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu devolver uma medida provisória que restringia os créditos tributários do PIS/Cofins, que suspendeu seus efeitos, numa derrota para os esforços aumento de receita do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A medida foi editada como compensação à desoneração da folha de pagamento em 17 setores da economia e municípios com até 156 mil habitantes, para atender à exigência do Supremo Tribunal Federal para que a desoneração fiscal entre em vigor.
Na entrevista, Lula argumentou que a responsabilidade de apresentar uma solução para o impasse antes do prazo dado pelo STF agora cabe ao Senado e aos empresários beneficiados pela isenção.
“Eu falei para o Haddad: ‘deixa o Senado e os empresários fazerem uma proposta, não se preocupe com isso’”, disse.
(Por Fernando Cardoso)
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