A mediação de uma solução para a crise político-eleitoral na Venezuela deve ser deixada de lado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no encontro bilateral que terá nesta segunda-feira (30 de setembro de 2024) com a presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, do Morena (Movimento de Regeneração Nacional, centro-esquerda).
A avaliação do governo brasileiro é que a reunião, que deverá durar 15 minutos, não é o momento adequado para discutir o assunto com um líder político às vésperas de sua cerimônia de posse. O evento está marcado para 1º de outubro, na Cidade do México.
Além disso, membros do governo brasileiro dizem que é preciso esperar que Sheinbaum apresente, no início de seu mandato, suas diretrizes para o tema. Lula pretende discutir a situação do país vizinho em reunião bilateral com o México, em novembro, no Rio, à margem da cúpula do G20.
No encontro desta segunda-feira (30 de setembro), Lula e Sheinbaum devem focar na relação econômica e cultural entre os 2 países. Um dos objetivos do PT é ampliar as relações comerciais, especialmente nas áreas industrial e agrícola. Um acordo de comércio livre está a ser negociado e poderá ser concluído em 2025.
Lula também se reúne com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, após almoço oferecido pelo mexicano. Nesta reunião deverá ser abordada a crise no país do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, à esquerda).
Desde o agravamento da situação política na Venezuela, Lula, Obrador e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Colombia Humana, à esquerda), criaram um grupo para mediar o diálogo com Maduro em torno de uma solução para as eleições venezuelanas.
A sua principal exigência era a divulgação de dados desagregados dos boletins de voto, o que nunca aconteceu. O Brasil insiste na estratégia de que é preciso manter o canal aberto com o regime chavista e a oposição, mesmo diante da crescente repressão no país.
Ainda em agosto, Obrador se distanciou das conversas com os outros 2. O presidente Sheinbaum indicou que a saída da Venezuela deveria ser por via interna, com decisões dos tribunais do país. A oposição acusa o sistema judicial venezuelano de ser controlado por Maduro.
Petro também estará na Cidade do México para participar da cerimônia de posse de Sheinbaum, mas, por enquanto, não há previsão de encontro entre ele e Lula.
Embora tenha deixado o assunto de fora de seus discursos na ONU (Organização das Nações Unidas) na semana passada, o petista abordou o tema em praticamente todas as reuniões bilaterais que teve em Nova York.
Nas conversas, Lula demonstrou irritação com os sucessivos descumprimentos de promessas do presidente venezuelano, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), e com a deterioração do ambiente político no país vizinho devido ao endurecimento do regime chavista contra a oposição.
Ouviu do presidente da França, Emmanuel Macron, e do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, relatos de perplexidade com a saída do candidato da oposição, Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), para a Espanha em 8 de setembro, após um mandado de prisão contra ele havia sido emitido dias antes.
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