O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que afirmou, na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que não aceitará uma paz imposta. O líder ucraniano disse ter dúvidas sobre o “real interesse” do Brasil e da China em quererem liderar o diálogo entre Kiev e Moscou.
— Acho que ele apenas afirmou o óbvio. Ele tem que defender a soberania, é sua obrigação. Ele tem que ser contra a ocupação territorial, é obrigação dele. O que ele não está conseguindo fazer é a paz. E o que propomos não é fazer a paz para eles. O que estamos fazendo é chamar a atenção para que levem em consideração que só a paz garantirá que a Ucrânia sobreviva como país soberano e a Rússia sobreviva — disse Lula em entrevista coletiva em Nova York.
Em maio, Brasil e China apresentaram uma proposta conjunta para negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
O principal ponto acordado na altura foi que a Rússia não pode ficar de fora das negociações para resolver o conflito. O entendimento foi assinado após reunião em Pequim entre o assessor especial Celso Amorim e o chanceler chinês, Wang Yi.
— Não precisam aceitar proposta da China e do Brasil, porque não existe proposta, existe uma tese que é importante começar a falar. Se fosse esperto, diria que a solução é diplomática e não militar. Isso depende da capacidade de sentar e conversar, ouvir o contrário e tentar chegar a um acordo para que o povo ucraniano possa ter tranquilidade em suas vidas — disse Lula.
Durante a Assembleia Geral da ONU, Zelensky questionou o papel do Brasil como intermediário nas negociações de paz entre seu país e a Rússia:
— Quando alguns propõem alternativas, planos de resolução pouco entusiasmados, isso não só ignora os interesses e o sofrimento dos ucranianos, não só ignora a realidade, mas também dá a Putin o espaço político para continuar a guerra — Zelensky falou na ONU esta quarta-feira. justo.
Ao discursar na ONU, o líder ucraniano fez menção direta ao acordo entre Brasil e China e questionou “qual o verdadeiro interesse deles?”.
— Quando a dupla China e Brasil tenta convencer outros a apoiá-los, na Europa e em África, propondo uma alternativa a uma paz plena e justa, surge a questão: qual é o seu verdadeiro interesse? Todos precisam de compreender que não ganharão mais poder à custa da Ucrânia.
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