Com apenas um voto contra e maioria a favor no Pec da Praia, deputados falam em “arrependimento” e diálogo com líderes do Senado para que a proposta não seja aprovada.
O texto, de autoria do ex-deputado federal Arnaldo Jordy (Cidadania-PA), foi apresentado no Câmara dos Deputadosem 2011, conforme relatado por Correio Estadualficou parado por 12 anos, até que em 2022 encontrou cenário favorável para passar pela Câmara em duas sessões
Veja como votaram os parlamentares do MS
- Beto Bereira (PSDB-MS) – Sim
- Bia Cavassa (PSDB-MS) Sim
- Dr Luiz Ovando (PP-MS) – Sim
- Fábio Trad (PSD-MS) – Sim
- Loester Trutis (PL-MS) – Sim
- Rose Modesto (União Brasil-MS) – Sim
- Vander Loubet (PT-MS) Não
O deputado federal, Vander Loubet, foi o único na bancada federal a votar contra a proposta que poderia privatizar as praias brasileiras.
Desse grupo, Bia Cavassa (PSDB), foi substituta da senadora Tereza Cristina (PL), que assumiu o Ministério da Agricultura no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Os ex-deputados Fábio Trad e Loester Trutis não conseguiram a reeleição.
Em 2022, Rose Modesto (PSDB), disputou as eleições para o governo de Mato Grosso do Sul. Posteriormente, assumiu a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), cargo que deixou para concorrer como pré-candidata a Prefeita Municipal de Campo Grande.
O relatório do Correio Estadualconversou exclusivamente com a ex-deputada federal Rose Modesto, e com o deputado federal Beto Pereira, as respostas dos futuros adversários à vaga no Executivo Municipal foram diferentes.
Justificação
A definição, dada por Dagoberto Nogueira (PSDB-MS), ao ser questionado sobre a pauta, foi denominá-la como “assunto estranho” e chegou a dizer que vários parlamentares da Câmara dos Deputados favoráveis à PEC das Praias, estão arrependidos de terem votado.
“Para votar esse projeto na Câmara houve um acordo entre os líderes, foi em 2022, eu ainda estava no PDT e todos votaram a favor, menos o PT, tanto que você vê o número de votos que teve, foram quase 400 votos e pouquíssimos votos contra. Mas agora que vejo a redação, acho um absurdo esse projeto, graças a Deus que o Senado está mudando, e o Senado está mudando, ele vai voltar para a Câmara. , e lá na Câmara, logicamente, votarei contra”, disse Dagoberto.
Além disso, segundo a reportagem, Dagoberto reconheceu o “absurdo” do projeto, ressaltando que quando ele passou pela Câmara ninguém prestou atenção devido ao acordo da bancada.
Em consonância com Dagoberto, o deputado Vander Loubet, entendeu que a PEC acabou sendo aprovada por ampla maioria na Câmara, em 2022, pela falta de atenção que a pauta está recebendo no momento, o que pode ser um fator que irá dificultar o andamento no Senado.
Loubet, destacou que a PEC das Praias, se aprovada, poderá incentivar a especulação imobiliária no litoral brasileiro. Uma situação prejudicial em matéria ambiental, pois coloca em risco a preservação da vegetação.
“Em primeiro lugar, penso que neste debate não há como deixarmos de falar do facto de a praia ser um dos ambientes mais democráticos do nosso país. Quem já foi à praia sabe do que estamos a falar, nós ter pessoas de todos os tipos e de todas as classes sociais. As praias são bens públicos e pertencem a todos os brasileiros”, destacou Vander e acrescentou:
“Nossa posição contrária também está ligada à questão dos pescadores, caiçaras, quilombolas e indígenas que ainda habitam espaços do nosso litoral brasileiro. São comunidades que se sentem ameaçadas por esse projeto”.
Enterro Pec das Praias
Segundo Dagoberto, assim que a PEC das Praias sofrer alterações, ela deverá retornar à Câmara dos Deputados, desta vez, ele acredita que pode ser “enterrada” de uma vez por todas.
Sobre a indisposição dos presidentes Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, o deputado explicou ao Correio Estadual que o alinhamento entre Senado e Câmara está sendo feito com as lideranças das duas casas.
Vander espera o mesmo, com a dimensão que a agenda tomou, acredita que os deputados terão uma postura diferente na hora da votação, sendo que desta vez a maioria se opôs à proposta.
A reportagem entrou em contato com o deputado federal Luiz Ovando, porém, até o final da matéria, não obteve resposta.
Confronto nas redes
A agenda entrou em jogo quando a atriz Luana Piovani publicou um vídeo nas redes sociais criticando o jogador Neymar, que apoiou a PEC das praias. O assunto gerou repercussão quando o jogador da seleção brasileira, por meio das redes sociais, respondeu.
Com a resposta de Neymar e a reação do rapper Oruam, que convocou os seguidores a atacarem a atriz em suas redes sociais. O assunto chegou ao influenciador Filipe Netoque expressou uma posição contra a privatização.
A discussão tomou as redes sociais e com isso o apelo da população ficou registrado no Consulta pública de Senado Federala proposta de emenda à Constituição nº 3 de 2022, que trata da privatização das praias.
Na tarde desta quinta-feira (06), mais de 156 mil pessoas foram contra e apenas 2 mil foram a favor.

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