O governo federal prometeu liberar mais recursos para combate a incêndios e aquisição de equipamentos para que os estados possam enfrentar uma das piores secas em décadas no país. A garantia veio do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após reunião com governadores das regiões Centro-Oeste e Norte, na tarde desta quinta-feira (19), no Palácio do Planalto.
O encontro foi uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esta semana também se reuniu com chefes do Poder, para definir a ampliação das medidas contra incêndios. Segundo o ministro, além dos R$ 514 milhões de crédito extraordinário liberados, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá uma linha de crédito para aquisição de veículos e equipamentos para uso dos bombeiros, e os estados vão receber novos recursos com base na apresentação de demandas específicas.
“Receberemos, nos próximos dias, todos os pedidos de ajuda, dois estados já os enviaram, e estamos avaliando e autorizando de forma resumida. Como vocês já viram, o primeiro crédito já foi publicado, de outros que será publicado, no valor de R$ 514 milhões, como também mencionado, o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]até a próxima semana, foi autorizado e liberado pouco mais de R$ 400 milhões para apoiar os bombeiros desses estados da Amazônia Legal, para compra de materiais, equipamentos, veículos, o que já soma os dois juntos próximos ao R US$ 1 bilhão. E outros créditos serão publicados à medida que os governadores apresentarem e materializarem suas demandas”, disse o ministro.
A reunião contou com a presença dos governadores Hélder Barbalho (Pará), Mauro Mendes (Mato Grosso), Ronaldo Caiado (Goiás), Ibaneis Rocha (Distrito Federal), Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul), Wilson Lima (Amazonas), Gladson Cameli ( Acre), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Antonio Denarium (Roraima). Também compareceram os vice-governadores Sérgio Gonçalves da Silva (Rondônia) e Antônio Pinheiro Teles Júnior (Amapá).
Pelo governo, além de Rui Costa, estiveram no encontro os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Simone Tebet (Planejamento), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional). O presidente Lula completou sua agenda no Maranhão, onde assinou um acordo de conciliação com as comunidades quilombolas do município de Alcântara.
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Ao comentar a ação federal, Caiado criticou o que classificou como demora na resposta da União. “O governo federal não estava preparado para o que aconteceu. De repente, ficou procrastinando e agora está chegando o fim [da seca]. Quer dizer, em meados de outubro, acredito que choverá em novembro. Já caiu um pouco de chuva”, disse o governador, que faz oposição ao governo Lula.
“O que esperamos é que o governo federal não nos chame de última hora para fazer uma declaração de mais ou menos 500 milhões de reais. Já foram autorizados R$ 13 milhões para Goiás”, continuou, dizendo que os prejuízos econômicos causados pela as queimadas no estado foram estimadas em cerca de R$ 1,5 bilhão.
O governador de Mato Grosso agradeceu a liberação de novos recursos, mas destacou que os efeitos deverão ser sentidos na próxima estiagem, já que o período chuvoso deverá se instalar em cerca de um mês. “Seus efeitos concretos e mais objetivos acontecerão até o ano de 2025. Todo mundo na administração pública sabe que se você liberar um recurso hoje no final de qualquer estado, dificilmente você vai conseguir comprar um veículo, um equipamento, uma aeronave, para que , em 15 dias, se isso estiver funcionando, mesmo com regime de urgência e emergência, que agiliza os processos de contratação, eles precisam ser feitos com algum nível de critério e transparência, seguindo o mínimo de burocracia pública”, disse Mauro Mendes.
Em resposta, Rui Costa disse que os recursos mais recentes dão continuidade às ações anteriores e que o planeamento por parte do governo federal começou muito antes. “Estamos nos reunindo com os estados há três meses. Alguns governadores não compareceram às reuniões anteriores, talvez por isso estejam achando estranho, achando que essa é a primeira. reunião há três meses”, respondeu ele.
O ministro do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas listou a contratação de bombeiros, pela secretaria, para combater incêndios nos diversos biomas afetados. “São mais de 3 mil pessoas que estão na linha de fogo em todo o território nacional, concentradas no Pantanal, na Amazônia e agora no Cerrado. Quando você soma o Corpo de Bombeiros, no caso da Amazônia, são mais mais de 4 mil pessoas fazendo esses confrontos e com a medida que agora foi tomada pelo Supremo é possível contratar mais brigadistas porque não há mais proibição de contratação”, afirmou Marina Silva, fazendo referência a uma decisão do o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que autorizou a União a emitir créditos extraordinários fora dos limites fiscais para combate às chamas.
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, afirmou que o aporte de R$ 514 milhões do governo federal será importante para cobrir despesas imediatas com combustível e diárias das equipes que trabalham no campo, mas que maior estruturação exigirá novos recursos . “Certamente evitamos mais de um milhão e meio de hectares de queimadas no Pantanal”, afirmou o governador, a respeito da atuação integrada entre o estado e a União.
Reestruturação
Durante o encontro com governadores, Rui Costa disse que, no médio prazo, o governo federal, em parceria com os governos estaduais, deve promover uma reestruturação das equipes da Defesa Civil Nacional, das Defesas Civis dos estados e dos municípios, além dos bombeiros estaduais.
“Queremos criar um novo arranjo, envolvendo estruturas regionais de resgate, apoio contra incêndios, não apenas enchentes, mas incêndios, e apoio regional com maior capilaridade e ação mais rápida”, afirmou o ministro, sem entrar em detalhes.
Outro ponto discutido no encontro foi a necessidade de punições mais severas contra quem comete incêndios criminosos no país, o que foi apontado como uma das causas da explosão de incêndios no país neste ano.
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