Os Presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva; do Senado, Rodrigo Pacheco; e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disseram concordar que a onda de incêndios florestais que atinge o país tem origem criminosa. Em reunião nesta terça-feira (17) entre os chefes dos Três Poderes para discutir medidas de enfrentamento à crise climática, eles falaram sobre um possível aumento de penas para criminosos.
“Não se pode acusar, mas há suspeita [de crime]existe”, declarou Lula no encontro. “O fato concreto é que, para mim, parece muito anormal.” O presidente da República disse considerar estranhas as convocatórias para o evento promovido na Avenida Paulista em Sete de Setembro com a frase “Vai pegar fogo”.
Pacheco disse acreditar que há coordenação entre os incêndios. “É muito evidente que, dado este contexto, o número de surtos [de incêndios]há, sim, uma orquestração, mais ou menos organizada, que pretende colocar fogo no Brasil”, declarou. Lira acredita que há influência criminosa na onda de incêndios. “Estamos enfrentando um problema iminente de organizações criminosas, incluindo incêndios”, disse ela.
Penalidades aumentadas
O aumento das penas para crimes ambientais também foi tema do encontro. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, disse estar discutindo com a Advocacia-Geral da União (AGU) uma proposta para aumentar as penas dos incêndios florestais, atualmente com punições mais brandas do que as do incêndio comum.
“Num incêndio normal a pena é de três a seis anos e, num incêndio florestal, crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então o que vamos buscar é pelo menos igualar”, explicou.
Também presente na reunião, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, defendeu que o Congresso discuta o aumento das penas para crimes ambientais. “Num incêndio normal a pena é de três a seis anos e num incêndio florestal, crime ambiental, é de dois a quatro anos. Então, o que vamos buscar é pelo menos equalizar”, afirmou.
Congresso
O presidente do Senado disse que era possível um eventual “aprimoramento legislativo” da Lei 9.605, que trata de crimes contra a fauna e a flora, e do Código Penal, mas recomendou equilíbrio nas discussões para evitar o “populismo legislativo”. Segundo Rodrigo Pacheco, a legislação atual já estabelece agravantes e permite combinação de penalidades.
“Acreditamos que o problema neste momento não é legislativo. Nem mesmo uma fragilidade na combinação de penas, porque existem tipos penais, também existem penas combinadas”, afirmou. Pacheco, porém, considerou que o Senado pode debater os crimes previstos em lei para identificar as possibilidades de aumento da pena. “Uma coisa é ter um incêndio num hectare, outra coisa é ter um incêndio a espalhar-se por um parque florestal e afectar aldeias e comunidades”, comentou.
Afirmando que há vontade política na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira, pediu que medidas que exigem votação no Congresso não sejam confundidas com questões ideológicas. “Não vai faltar vontade política por parte da Câmara, mas alguns temas que penso que precisam de ser bem explicados, para que não haja reação adversa a um tratamento que se desvia de alguns pensamentos mais ou menos ideológicos sobre o cerne da questão, ”ele disse.
Mobilização de juízes
O presidente do STF afirmou ter pedido uma mobilização nacional de juízes de todo o país, dada a gravidade da situação atual. Ele disse que recomendou que os magistrados dêem prioridade ao processamento de investigações e ações relacionadas a infrações ambientais. A recomendação, explicou, aplica-se a ações criminais e cíveis e deverá avançar com medidas cautelares, como operações de busca e apreensão e prisões preventivas.
Barroso afirmou ainda que as Defesas Civis estaduais deverão receber multas pecuniárias nas ações coletivas. O pedido vale para dinheiro que está depositado em contas do Judiciário.
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