A última gota de um copo que estava prestes a transbordar pingou na noite deste domingo, dia 15. O resultado foi uma agressão física de José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB), ambos candidatos a prefeito de São Paulo, durante debate realizado pela TV Cultura.
Armado com uma cadeira, o apresentador agrediu o ex-técnico, atingindo seu adversário político – fato que o levou a ser expulso do debate, e levou o empresário ao hospital, de onde recebeu alta na manhã desta segunda-feira, o 16º.
A agressão física ocorreu após Marçal insultar o apresentador, trazendo à tona antigas denúncias de assédio sexual apresentadas pela Justiça, segundo Datena. A estratégia do ex-técnico, que já afirmou em entrevistas que comportamentos espalhafatosos rendem bons “cortes” para as redes sociais, é vista desde o início da campanha.
Além das acusações, muitas sem qualquer tipo de prova, o candidato dá apelidos jocosos aos seus adversários políticos e os provoca com insultos. Recorde-se a escalada da tensão entre o antigo treinador e os seus adversários políticos ao longo da campanha.
Uso de cocaína
A estratégia estreou quando ele afirmou que dois de seus adversários eram usuários de cocaína. No dia 8 de agosto, durante o primeiro debate entre candidatos a prefeito, promovido pela TV Band, Marçal precedeu uma pergunta ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) com um gesto no nariz, insinuando o uso da substância.
Antes do encontro, ele havia prometido que, durante o programa, apresentaria provas de que dois candidatos na disputa eleitoral em São Paulo eram usuários de drogas. Nenhuma prova, porém, foi apresentada durante a exibição do debate da Band. No confronto seguinte entre candidatos, promovido por EstadãoMarçal voltou a fazer a insinuação, chamando Boulos de “aspirador” e replicando os trechos do vídeo em suas redes sociais.
Pela agremiação sem provas, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) multou Marçal em R$ 30 mil, além de conceder direito de resposta nas redes do ex-técnico. De acordo com o jornal Folha de S.Pauloo influenciador se baseia em um processo judicial em que um homônimo do candidato do PSOL, o empresário Guilherme Bardauil Boulos, é réu por ter sido flagrado portando maconha, e não cocaína, em 2001.
Carteira de trabalho
Mirando novamente em Boulos, Marçal provocou o deputado federal com uma carteira de trabalho, apontando o objeto para seu adversário político. A confusão ocorreu no dia 14 de agosto, durante debate promovido pelo Estadão.
O episódio começou durante o terceiro bloco do debate. Boulos comparou a candidatura de Marçal à do padre Kelmon nas eleições de 2022. “Ele veio para criar o caos”, disse o psolista. Em resposta, o ex-técnico tirou uma carteira de trabalho de um dos bolsos do paletó e, ironicamente, afirmou que iria “exorcizar o demônio com carteira de trabalho”.
“Se eu for o padre Kelmon, vou exorcizar o demônio com a carteira de trabalho. Ele nunca trabalhou, um grande vagabundo nesta eleição. nesta cidade”, disse Marçal.
Num momento em que ambos estavam sentados um ao lado do outro no palco, o psolista tentou dar um tapa no objeto, que foi puxado por Marçal. Então, uma pessoa da organização separou os dois candidatos.
Falta de homens no debate
Justificando a inesperada falta de compostura de um candidato a prefeito e a atuação da equipe do influenciador, que registra os acontecimentos para fazer cortes de vídeos nas redes sociais, Boulos, Datena e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) cancelaram presença de última hora no debate promovido pela Veja, no dia 19 de agosto.
Mesmo ausentes, foram apelidados pelo antigo treinador, que disse ainda que as ausências eram reflexo de um problema de falta de “masculinidade e virilidade” que afecta a “nação”. O ex-técnico lançou uma série de ataques a Nunes, chamando-o de “bananinha” e “Sméagol” e apelidando Datena de “É uma pena”.
Confronto quase físico
No dia 1º de setembro, um episódio que quase resultou em agressão foi protagonizado pelos dois candidatos à presidência. Durante o debate realizado pela TV Gazeta em parceria com o canal My News, Datena saiu do púlpito e se aproximou de Marçal, enfrentando seu adversário, que o chamou de “desequilibrado”. “É um desequilíbrio. Você quer ser prefeito ou ditador?”, disse Marçal.
A tensão ocorreu após o influenciador insinuar que Datena havia vendido as retiradas em eleições passadas, enquanto o apresentador acusava Marçal de tentar “consertar o jogo” no debate realizado pela Band. Segundo Datena, Marçal teria pedido para ele concentrar os ataques em Nunes, enquanto o ex-técnico atacaria Boulos.
Na mesma ocasião, Marçal apelidou Boulos de “Boules”, em referência à linguagem neutra, e voltou a associá-lo ao consumo de drogas.
A cadeira de rodas
O ato final, pelo menos até aqui da disputa, foi o cenário da violência física praticada por Datena e Marçal na noite deste domingo, 15, durante o debate da TV Cultura. Além do vídeo original, transmitido pela emissora, é possível ver os bastidores do estúdio.
Antes do ataque, o mediador da reunião, o jornalista Leão Serva, ao ver Datena saindo de seu púlpito, gritou “não, Datena!”, enquanto o postulante já se dirigia, segurando uma cadeira, para o local onde estava o ex-técnico.
Após a presidência, a transmissão do debate teve que ser interrompida. Datena foi expulso e Marçal foi para o hospital. Em nota, o tucano afirmou que não defende o uso da violência e reconheceu que errou ao dar uma cadeira a Marçal, mas disse que não se arrepende e que repetiria o gesto diante dos ataques verbais do influenciador. contra ele e outros candidatos.
“Espero também ter lavado a alma de milhões de pessoas que não aguentavam mais ver a cidade tratada com tanto desprezo e falta de amor por alguém que se propõe a governá-la, mas que na verdade quer saqueá-la, de braços dados. com o crime organizado”, escreveu ele.
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