A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com recurso no Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar reverter o resultado do julgamento que abriu espaço para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fosse poupado no caso das joias sauditas.
Bolsonaro é acusado pela Polícia Federal de desviar joias e relógios de luxo da Presidência avaliados em R$ 6,8 milhões. O escândalo das joias foi revelado pelo Estadão em março do ano passado.
Os ministros do Tribunal de Contas decidiram, por maioria de votos, que o Tribunal não pode obrigar os presidentes a devolver presentes recebidos durante o mandato até que o Congresso aprove uma lei específica que reconheça esses itens como bens públicos.
Em recurso enviado nesta sexta-feira, 6, a AGU argumenta que a posição do TCU fere o interesse público, fere os princípios da razoabilidade e da moralidade administrativa e compromete o patrimônio da União.
A Advocacia-Geral da União afirma que o TCU contrariou entendimento que havia sido firmado pelo próprio tribunal em 2016. Na época, os ministros definiram que, ao deixar o cargo, os presidentes só poderão ficar com “itens muito pessoais” e todos os demais presentes. recebido como chefe de estado deverá ser incorporado ao acervo da União.
O recurso menciona o artigo 20 da Constituição Federal, que dispõe que “são bens da União os que atualmente lhe pertencem e os que lhe podem ser atribuídos”. “Esta lista, portanto, incluiria presentes dados a chefes de Estado durante eventos diplomáticos, visitas oficiais ou quaisquer outras circunstâncias semelhantes”, argumenta a AGU.
O órgão alerta ainda para o risco de efeito cascata, ou seja, de ex-presidentes solicitarem presentes que tiveram que devolver ao patrimônio da União.
A defesa de Bolsonaro se apoia na decisão do TCU de solicitar o arquivamento da investigação sobre joias. Os advogados defendem que, por “isonomia”, o Tribunal de Contas da União deve reconhecer que o ex-presidente não cometeu nenhuma irregularidade ao manter os presentes e que a mesma interpretação deve prevalecer tanto na esfera administrativa quanto na criminal.
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