O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afastou praticamente todas as estatais que integravam o PND (Plano Nacional de Desestatização) dos governos Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB). Mas mantém duas na lista de possíveis privatizações: a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) e a Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).
Desde que o petista voltou ao Palácio do Planalto, pelo menos 10 empresas públicas foram excluídas da lista de privatizações ou estão em vias de fazê-lo, como Correios e EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Depois veio o Porto de Santos e mais recentemente a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).
CBTU e Trensurb são os únicos que sobrevivem no plano, que é administrado pela Secretaria do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) da Casa Civil. A 1ª opera sistemas de trens urbanos em 4 capitais do Nordeste: Recife, Natal, Maceió e João Pessoa. A 2ª é responsável pelo metrô de Porto Alegre.
Embora permaneçam, ainda não houve queda do martelo. De acordo com o Poder360não há decisão dentro do governo se as empresas serão realmente privatizadas. Estudos estão sendo realizados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para avaliar modelos de parceria com o setor privado. Só depois disso o Planalto decidirá.
Tradicionalmente avesso a privatizações, o governo Lula avaliou que o caso das duas empresas é atípico. Acontece que os sistemas metroviários das duas estatais estão ultrapassados, com muitos trens sucateados e, em alguns locais, a rede não é ampliada há anos.
Tanto a Trensurb quanto a CBTU são deficitárias. Dependem de repasses do Tesouro Nacional para financiar a operação. Fecharam 2023 com prejuízo líquido de R$ 44,8 milhões e R$ 220,2 milhões, respectivamente. Ou seja, não há capacidade de investimento.
De acordo com o Poder360a privatização completa das duas empresas estatais é o caminho menos provável. Mas o governo pode vender ou conceder ações em empresas, como por linhas ou por sistemas/cidades.
Um modelo possível seria o que foi feito com o metrô de Belo Horizonte em 2022. A operação da CBTU em Minas era estatal, e depois o governo local, chefiado por Romeu Zema (Novo) realizou a privatização.
Esta é uma opção avaliada principalmente para Pernambuco. A ideia defendida pelo governo Raquel Lyra (PSDB) passaria por desintegrar a CBTU do Metrô Recife, estatizá-la, fazer investimentos iniciais pelo governo local e depois privatizá-la.
No Rio Grande do Sul, a gestão de Eduardo Leite (PSDB) também está entusiasmada com a ideia. O governador chegou a agir para que o Trensurb não fosse afastado do PND e para que os estudos do BNDES pudessem continuar.
Casa Civil: alternativas para investimentos
Para o Poder360o Ministério da Casa Civil disse que as estatais CBTU e Trensurb permanecem no PPI “já que estão sendo estudadas alternativas de atração de investimentos para a modernização dos sistemas públicos de transporte ferroviário de passageiros operados por essas empresas”.
O ministério afirmou que o objectivo destes estudos é melhorar a qualidade de vida dos utilizadores, reduzindo o tempo de viagem e aumentando a segurança e regularidade do serviço, mantendo a actual estrutura tarifária.
“Novas diretrizes para estudos de modelagem para Trensurb e CBTU serão publicadas assim que houver deliberação formal dos órgãos governamentais competentes”relatado.
O governo de Pernambuco afirmou que solicitou ao Executivo federal que priorize os investimentos no metrô do Recife para permitir o atendimento dos usuários com segurança e qualidade. Disse que se colocou à disposição para construir as soluções necessárias e possíveis.
“Atualmente, o BNDES está desenvolvendo os estudos necessários para diagnosticar e propor o melhor modelo para garantir esses investimentos e melhorar os equipamentos”diz o governo de Pernambuco, que também afirmou que a CBTU Recife receberá investimentos de R$ 136 milhões por meio do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O governo do Rio Grande do Sul afirmou que “é parceira do projeto de privatização da Trensurb e acompanha estudos promovidos pelo governo federal”.
As informações contidas neste relatório foram publicadas anteriormente por Dirigirexclusivamente. A newsletter é produzida para assinantes pela equipe de jornalistas da Poder360. Saiba mais sobre Dirigir aqui e saiba como receber antecipadamente todas as principais informações sobre poder e política.
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