Um dia depois de a ONG Me Too Brasil afirmar ter recebido denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, a professora Isabel Rodrigues publicou nesta sexta-feira um vídeo nas redes sociais em que afirma ter sido vítima dele durante uma reunião há cinco anos.
Almeida nega as acusações da entidade. Procurada, sua defesa afirmou que não comentaria porque não tinha conhecimento dos fatos narrados pela professora.
Isabel, que é candidata a vereadora em Santo André (SP), disse que decidiu vir a público falar sobre a violência sofrida em 2019 para repercutir as denúncias já feitas contra o ministro ao movimento Me Too Brasil.
— Sofri violência sexual por parte do Ministro dos Direitos Humanos — disse Isabel. Segundo ela, o caso aconteceu no dia 3 de agosto de 2019.
Ela conta no vídeo que, na época, era amiga do ministro e que o conheceu quando ele era membro do Conselho Pedagógico da Escola de Governo de São Paulo. Isabel conta que fez parte do grupo como professora e aluna. No dia do ocorrido, ela relata que havia feito curso de professora na Praça da República, em São Paulo.
— Fomos almoçar com vários alunos do curso. Sentei ao lado do Silvio, ele estava do lado direito, eu estava de saia. Ele levantou minha saia e colocou a mão em minhas partes íntimas. Ele estendeu a mão de boa vontade. Fiquei chocado. Senti vergonha das pessoas, porque é assim que as vítimas se sentem. Demorei um pouco para entender que estava sendo vítima de violência sexual. Demorei para entender que houve um crime”, disse.
Isabel conta ainda que algum tempo depois ligou para o ministro e o questionou sobre o ocorrido. Segundo ela, Almeida inicialmente negou e a chamou de louca. Ela, porém, insistiu, perguntando se ele havia dado consentimento para que ele tocasse seu corpo.
— Aí ele disse que estava se sentindo muito mal, que ia viajar, mas que decidiu mudar o trajeto para ir ao terapeuta porque havia machucado um amigo de quem gostava muito. Acredito que ele queria que eu sentisse pena dele e, na época, confesso que senti muita pena do agressor — disse.
Entre os comentários na rede da professora, outra mulher diz que se lembra de quando lhe contou “sobre esse trágico incidente”.
A organização Me Too Brasil, que presta apoio a vítimas de violência sexual, informou nesta quinta-feira ter recebido denúncias de assédio envolvendo Almeida, que nega as acusações.
Em nota, o ministro classificou as suspeitas como “conclusões absurdas” e afirmou que entrou em contato com a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Procuradoria-Geral da República para realizar uma investigação criteriosa.
O caso, que será investigado pela Polícia Federal, foi revelado pelo portal Metrópoles. Segundo o site, uma das vítimas foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Em entrevista à Rádio Difusora, de Goiânia, Lula disse que tomou conhecimento ontem de denúncias de assédio sexual envolvendo Silvio Almeida. Segundo ministros, porém, relatos informais das acusações já haviam chegado a Lula e à primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, há algum tempo.
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