Relatos sobre um suposto caso de assédio sexual envolvendo o ministro Silvio Almeida, responsável pela pasta de Direitos Humanos, circularam no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, segundo ministros do governo.
A organização Me Too Brasil, que presta apoio a vítimas de violência sexual, informou nesta quinta-feira (5) ter recebido denúncias de assédio envolvendo Almeida, que nega as acusações.
Em nota, o ministro classificou as suspeitas como “conclusões absurdas” e afirmou que entrou em contato com a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Procuradoria-Geral da República para realizar uma investigação criteriosa. O caso, que será investigado pela Polícia Federal, foi revelado pelo portal Metrópoles.
Em meados de 2023, Silvio Almeida foi citado como um dos nomes que poderiam disputar a indicação do presidente Lula para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), aberta com a aposentadoria, em setembro, da ministra Rosa Weber.
Mas relatos informais de um suposto caso de assédio sexual envolvendo o ministro chegaram ao gabinete de Lula e foram usados, segundo integrantes do alto escalão do governo, como argumento para afastar a possibilidade de Almeida ser escolhido para a Corte.
Em entrevista à Rádio Difusora, de Goiânia, Lula disse que tomou conhecimento ontem de denúncias de assédio sexual envolvendo Silvio Almeida.
Segundo ministros, porém, relatos informais das acusações já haviam chegado a Lula e à primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, há algum tempo. Não foi esclarecido, porém, se a própria Anielle contou a história. Janja publicou uma foto nas redes sociais ao lado de Anielle depois que a história veio à tona.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) foi questionada, por e-mail e mensagens de WhatsApp, desde a noite de quinta-feira, se Lula tinha conhecimento das acusações de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos. Ele também foi questionado sobre como, quando e de que forma o caso chegou ao presidente.
Até o final da manhã de sexta-feira, não houve resposta.
Na manhã desta sexta, o gabinete de Janja também foi questionado sobre o assunto. Não houve resposta.
Após a repercussão do caso, Lula convocou Almeida e Anielle para reuniões nesta sexta. Os governistas veem a situação do ministro como insustentável e reconhecem como provável a possibilidade de ele ser demitido por Lula.
A avaliação é compartilhada por interlocutores do Palácio do Planalto que conversaram com o presidente sobre o assunto.
Na tentativa de refutar as acusações, Almeida já vinha reunindo uma série de informações nas últimas semanas para se defender de uma possível acusação envolvendo Anielle.
Almeida, segundo interlocutores, salvou mensagens trocadas com ela, vídeos e solicitou gravações de câmeras de segurança de restaurantes onde esteve com o ministro.
Com esta informação, segundo aliados, Almeida pretende mostrar que nunca se comportou de forma inadequada com o colega da Esplanada dos Ministérios.
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