O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou, na noite desta quinta-feira, da cerimônia de abertura da 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.
Foi a primeira agenda pública do petista após virem à tona a existência de denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, divulgadas pela organização Me Too Brasil horas antes do evento. O ministro nega as acusações.
Ao falar, Lula não abordou a situação do integrante da Esplanada. Num tom formal e sem improvisações como as que costuma adotar durante as cerimónias, o presidente abriu o seu discurso pedindo “desculpas pela demora” e acrescentou que foi “uma palavra simples, mas nem todos têm coragem de a dizer”. Após a cerimônia, ele não falou com a imprensa.
Lula estava acompanhado dos ministros da Educação, Camilo Santana; das Cidades, Jader Filho; e Cultura, Margareth Menezes. A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, também esteve presente.
— Na verdade eu não deveria falar. Devo me desculpar porque às 22h10 eu deveria estar terminando este evento. Queria começar pedindo desculpas pela demora. Não sei se a culpa foi minha, da Janja, da Silviana, da Margareth, mas chegamos aqui com uma hora de atraso. Então, desculpas. É uma palavra simples, mas nem todo mundo tem coragem de dizê-la — disse Lula ao abrir seu discurso.
O presidente defendeu então a importância da leitura para as crianças e anunciou que os novos projetos “Minha casa, minha vida” contarão com bibliotecas.
— Toda criança tem direito a uma família amorosa, moradia digna, boa alimentação e educação pública de qualidade. Toda criança tem direito à leitura e direito de se tornar leitor jovem ou adulto, por isso cada uma das 6 mil bibliotecas públicas comunitárias do Brasil receberá o acervo inicial de 800 exemplares de obras literárias, e a partir de agora o novo ” Os conjuntos habitacionais Minha Casa, Minha Vida terão bibliotecas com 500 livros à disposição das famílias.
Lula também relembrou o período em que esteve preso em Curitiba, em decorrência da operação Lava-Jato, afirmando que o leu “com muito entusiasmo” na época.
— Eu li, não excessivamente, li com muita vontade quando estava na prisão. E depois que saí da prisão continuei lendo, mas depois que me tornei presidente as únicas coisas que li foram as indicações e os meus discursos. Confesso para vocês que não estou com vontade de ler, não estou com vontade de ver televisão, estou com vontade de tomar banho, comer alguma coisa e dormir, e acordar inteiro no dia seguinte porque os problemas são muitos — disse o presidente, lembrando da extensa rotina de trabalho.
As acusações contra Silvio Almeida
A organização Me Too Brasil afirmou nesta quinta-feira que o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi acusado de assédio sexual. Em nota e em vídeo divulgados pouco depois, o ministro nega as acusações, diz que são “conclusões absurdas” e informa que entrou em contato com a Controladoria-Geral da União, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Procuradoria-Geral da República para para realizar uma investigação cuidadosa do caso.
A Me Too Brasil é uma organização que apoia vítimas de violência sexual, fornecendo informações sobre possíveis reparações e ajuda psicológica.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o Ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. recebeu apoio psicológico e jurídico”, relatou Me Too em comunicado.
As informações sobre as denúncias foram antecipadas pelo portal Metrópoles. Segundo o site, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi uma das vítimas e denunciou o episódio a integrantes do governo. Ao ser contatada, ela não se pronunciou.
Veja abaixo a nota completa do Me Too Brasil sobre a denúncia de assédio sexual:
“Nota Pública – Me Too Brasil – Caso Silvio Almeida
A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Eles foram atendidos pelos canais de atendimento da organização e receberam apoio psicológico e jurídico.
Como acontece frequentemente nos casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, estas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para validar as suas denúncias. Portanto, autorizaram a confirmação do caso à imprensa.
As vítimas de violência sexual, especialmente quando os perpetradores são figuras poderosas ou influentes, enfrentam muitas vezes obstáculos para obter apoio e para que as suas vozes sejam ouvidas. Por isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer apoio incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder dos acusados.
A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar legalmente o agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente da sua posição social, económica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que por vezes são encobertos por instituições ou redes de influência.
Além disso, expor um alegado autor poderoso pode encorajar outras vítimas a quebrar o seu silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente e denunciá-lo pode abrir caminho para que outros também procurem justiça.
Para a Me Too Brasil, todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade, com uma abordagem baseada no trauma das vítimas. Da mesma forma, tratamos os agressores independentemente do seu cargo, seja trabalhador ou ministro.
Eu também Brasil
O Me Too Brasil oferece escuta qualificada e apoio a todas as sobreviventes de violência sexual, por meio do site metoobrasil.org.br/ e do número 0800 020 2806, disponível em todo o país. A organização informa sobre possíveis reparações e oferece apoio psicológico contínuo, com foco na saúde mental, no empoderamento e na reconstrução da autonomia das vítimas.
Atendemos todas as pessoas independente de raça, origem, poder, classe, orientação sexual, identidade de gênero, idade ou gênero. A identidade e os fatos relatados ao nosso canal 0800 são mantidos em sigilo e somente são divulgados publicamente com o consentimento das vítimas ou com a aprovação da equipe técnica responsável pela recepção.”
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo ministro na noite desta sexta:
“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo feitas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e respeito que tenho por minha esposa e minha querida filha de 1 ano, em meio à luta que travo , diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.
Toda e qualquer reclamação deve ser material. Porém, o que percebo são conclusões absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias e bloquear nosso futuro.
Confesso que é muito triste vivenciar tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir a nossa existência, imputando a mim a conduta que praticam. Com isso, o Brasil perde, perde a agenda de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.
Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para isso é necessário que os fatos sejam expostos para serem investigados e processados. E não apenas com base em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios à Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e à Procuradoria-Geral da República para que façam uma investigação criteriosa do caso.
As falsas acusações, conforme definidas no artigo 339 do Código Penal, constituem “denúncia caluniosa”. Tais difamações não corresponderão à realidade. Segundo movimentos recentes, fica claro que existe uma campanha para afetar a minha imagem de homem negro em posição de destaque no poder público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente das opiniões partidárias.
Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Lutarei sempre pela verdadeira emancipação das mulheres e continuarei lutando pelo seu futuro. Os falsos defensores do povo querem destituir aqueles que os representam. Eles estão tentando apagar minha história com meu sacrifício.”
Veja o vídeo divulgado pelo ministro:
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