SÃO PAULO (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou nesta quarta-feira que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, está qualificado para assumir a presidência da autoridade monetária, elogiando sua transição pelo mundo da política e do mercado financeiro.
“(Galípolo) é uma pessoa que, na minha opinião, é muito qualificada para assumir a presidência do Banco Central. Ele se dá bem com todos os diretores e se dá bem com o presidente Roberto Campos Neto”, disse Haddad em entrevista ao GloboNews.
O ministro argumentou ainda que a passagem de Galípolo como diretor do BC lhe permitiu conhecer internamente a instituição, acrescentando que o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a autoridade é “uma pessoa muito tranquila e sociável”.
Galípolo ocupou o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda desde o início do atual mandato de Lula até junho do ano passado, quando foi indicado para assumir a diretoria de Política Monetária do BC.
Ele foi indicado na semana passada por Lula para substituir Campos Neto na presidência do BC a partir de 2025 e precisará passar por sabido na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e ser aprovado pelo plenário da Câmara.
Mesmo com a aprovação no Senado ainda pendente, Haddad destacou que a transição no comando do BC está sendo “difícil”, pois pela primeira vez um presidente da República teve que conviver com um chefe do órgão indicado por seu antecessor.
A situação foi viabilizada pelo estabelecimento da autonomia operacional do BC a partir de projeto de lei aprovado pelo Congresso em 2021.
“Estamos a fazer uma transição difícil, porque é a primeira vez que uma transição é feita dois anos depois da eleição do presidente. Isto nunca aconteceu no passado.”
Questionado sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária, nos dias 17 e 18 de setembro, à medida que crescem as projeções do mercado sobre a alta da Selic, hoje em 10,50% ao ano, Haddad disse confiar na capacidade dos diretores da autoridade para decidir o futuro de política monetária.
“Confio muito na capacidade técnica dos responsáveis pelo Banco Central. Não acho elegante da minha parte dizer o que o Banco Central tem que fazer”, afirmou.
Ao comentar as críticas de Lula na esfera da Selic e suas divergências com Campos Neto, o ministro indicou que Galípolo deverá sofrer pressões semelhantes caso assuma a presidência do BC, o que, para ele, é normal na vida pública.
“Quem está na vida pública sofre pressão da vida pública… É natural que numa posição como essa você entenda que vai ouvir opiniões (diferentes). A pessoa tem que se acostumar.”
CRESCIMENTO ECONÔMICO E AJUSTE FISCAL
Um dia depois de dados mostrarem que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu acima das expectativas no segundo trimestre do ano, Haddad argumentou que o país tem todas as condições para crescer acima da média global, destacando que o governo está fazendo ajustes na economia que permitiu o crescimento com inflação baixa e controle fiscal.
“Nossa visão é que o ajuste fiscal tinha que ser feito para quem deixou de pagar impostos”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.
“O resultado desta política foi que é possível fazer o ajustamento sem prejudicar o crescimento económico. Essa é a beleza do que está a ser feito.”
Dados do IBGE mostraram nesta terça-feira que o PIB brasileiro cresceu 1,4% de abril a junho em relação ao trimestre anterior. Na base anual, o crescimento foi de 3,3%.
(Por Fernando Cardoso e Camila Moreira)
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