O governo federal estima que a desoneração da folha de pagamento nos 17 setores e municípios terá impacto fiscal de R$ 55 bilhões de 2024 a 2027. A projeção consta do Ploa (Projeto Orçamentário Anual) de 2025. O Ministério da Fazenda disse que o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e relator do projeto de isenção, não incluiu compensação de renúncia fiscal de 2025 a 2027, o que exige aumento de arrecadação de R$ 28,8 bilhões em 3 anos.
Liberar um setor significa que ele terá redução ou isenção de tributos. A renúncia fiscal do governo precisa ser compensada com aumento de arrecadação, mas, segundo o governo, o projeto de lei 1.847 de 2024 não viabiliza o programa que beneficia setores e municípios. O Congresso tem até o dia 11 de setembro para aprovar o texto.
O acordo para a reposição gradual da folha salarial de 17 setores da economia e municípios foi assinado em maio entre o governo e o Congresso. O benefício está garantido em 2024, mas o retorno crescente do imposto começará em 2025 e durará até 2027.
Pelo texto aprovado, a reoneração gradual da folha de pagamento terá início em 2025 e durará até o final de 2027. Para compensar o benefício, o “cardápio” de medidas proposto pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD -MG) prevaleceu. :
- “refis” de multas junto aos órgãos reguladores;
- repatriação de recursos;
- regularização patrimonial;
- atualização de valores de ativos;
- receitas provenientes de impostos sobre importações até US$ 50;
- dinheiro esquecido no sistema financeiro;
- depósitos judiciais sem título.
O Ministério das Finanças disse que algumas incertezas cercam o cumprimento da compensação. Eles são:
- o momento das votações no Congresso e da sanção do Presidente, visto que 11 de setembro é o prazo indicado pelo Supremo para que a remuneração seja definida;
- o projeto relatado pelo senador Jaques Wagner compensa apenas 2024, ou seja, o curtíssimo prazo, sem que sejam definidas compensações nos outros anos.
Abaixo segue o cálculo do governo federal sobre o impacto da remuneração em 2024:
A equipe econômica apresentou os dados nesta segunda-feira (2 de setembro de 2024).
DESTAQUES DO ORÇAMENTO
O governo federal implementou um limite de despesas primárias de R$ 2,249 trilhões. O teto de gastos é definido com base nas regras do marco fiscal, aprovadas e sancionadas em agosto de 2023.
Os gastos aumentarão R$ 143,9 bilhões em relação a 2024. Esse valor representa um crescimento de 6,84%. Esse percentual inclui o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses até junho (4,23%) e o crescimento real limitado a 2,5%.
O Orçamento também atende aos gastos mínimos com saúde, educação e investimentos em 2024. São eles:
- Saúde – R$ 227,8 bilhões, o que representa 15% da receita líquida corrente;
- Educação – R$ 113,6 bilhões, o que representa 18% da receita tributária líquida;
- Investimentos – R$ 74,3 bilhões, o que representa 0,6% do PIB estimado para 2025.
PARÂMETROS MACROECONÔMICOS
O governo federal definiu como parâmetro o crescimento de 2,64% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2025. A projeção é mais otimista que a dos agentes financeiros. Segundo o Boletim Focus mais recente, a estimativa dos analistas era de 1,85% para o próximo ano. Leia os outros parâmetros abaixo:
FALTA DE RECEITAS
A expectativa do governo federal é que as medidas vinculadas à receita gerem um saldo positivo de R$ 166,2 bilhões em receitas para o Orçamento de 2025.
As medidas que ainda precisam de aprovação do Legislativo, mas que já estão contempladas no Ploa 2025, têm efeito positivo estimado em R$ 46,7 bilhões. Leia o que são abaixo:
- compensação de redução de imposto sobre folha de pagamento – R$ 25,8 bilhões;
- aumento da arrecadação sobre JCP (Juros Sobre Capital Próprio) – R$ 6,0 bilhões;
- aumento da alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) – R$ 14,9 bilhões.
O governo queria que os gatilhos do JCP e da CSLL junto com o relatório sobre o fim gradual da desoneração da folha de pagamento compensassem a renúncia fiscal com o benefício. Numa derrota para o Planalto, não foram aprovadas pelo Senado.
As medidas que já foram aprovadas e devem gerar receitas extraordinárias totalizam R$ 121,5 bilhões. A estimativa é:
- retomada do voto de qualidade do Carf – R$ 28,6 bilhões;
- transações de processo contencioso – R$ 57,5 bilhões;
- recuperação de créditos inscritos na Dívida Ativa da União – R$ 15,5 bilhões;
- controle especial sobre o uso de benefícios fiscais – R$ 20,0 bilhões.
ORÇAMENTO 2025
Conforme já havia sido estabelecido pela LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a meta do governo para 2025 é eliminar o déficit primário nas contas públicas. Na prática, as receitas devem ser iguais às despesas.
A promessa inicial do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era ter superávit equivalente a 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025. A equipe econômica decidiu em abril mudar de rumo e atrasar o saldo positivo do resultado primário.
O cronograma atual é o seguinte:
- 2025 – 0% do PIB;
- 2026 – 0,25% do PIB;
- 2027 – 0,5% do PIB;
- 2028 – 1% do PIB.
O resultado primário nominal é a diferença entre as receitas e despesas de uma determinada administração. O indicador sinaliza capacidade de investimento com menor necessidade de endividamento. Se o número for negativo, significa que houve déficit (losango). Se for positivo, excedente.
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