A Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, informou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que não cumprirá a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de bloquear o acesso ao X (antigo Twitter).
Neste domingo (1º de setembro de 2024), o provedor de internet informou ao órgão que não cumprirá a ordem de bloqueio até que as contas da empresa, que também estão bloqueadas por ordem do ministro, sejam desbloqueadas pela Justiça.
A informação foi dada pelo presidente da Anatel, Carlos Baigorri, ao TV Globoe confirmado ao Poder360. O diretor da agência afirmou ainda que o gabinete de Moraes foi notificado do alerta da Starlink para que possa tomar as medidas que julgar cabíveis.
A empresa de Musk é atualmente a maior provedora de internet via satélite do país. Detém mais de 42% do mercado do segmento, com 215 mil clientes, como escolas, repartições públicas, vilas e comunidades inteiras da Amazônia, embarcações e bases das Forças Armadas.
Considerando todos os provedores de internet do país, somando todas as tecnologias, a Starlink é a 16ª maior, com 0,4% do mercado brasileiro de banda larga. A maioria dos seus clientes (69.612) está na região Norte. E em 2º lugar está o Sudeste (63.097).
Os dados são da Anatel, que concedeu licença de operação à Starlink em 2022. A empresa pode oferecer seus serviços no país até 2027.
COMO FUNCIONA O STARLINK
Internet de alta velocidade, com baixa latência e disponível em qualquer lugar, mesmo nos mais remotos. Essa é a proposta da Starlink, que tem ganhado cada vez mais mercado no Brasil e no mundo.
Braço da SpaceX, empresa de exploração espacial que também tem Musk como dono, a empresa utiliza satélites mais próximos da Terra do que seus concorrentes, o que torna a transferência de dados e a navegação mais rápidas.
Os satélites Starlink são lançados pela SpaceX. Atualmente, dos cerca de 9,7 mil satélites operacionais que orbitam a Terra, 5,4 mil são da empresa de Musk. O grupo tem planos de lançar mais 30 mil ao espaço nos próximos anos – o que a própria Starlink chama de “constelação”.
Além do maior número de satélites, há outra grande diferença: as estruturas Starlink estão a 550 km da Terra, e os demais satélites estão em torno de 35 mil km.
Com maior proximidade, o sinal Starlink tem menor latência que os concorrentes, ou seja, menor tempo de comunicação em rede para transferência de dados. Em média, esse atraso é de 240 ms (milissegundos). Na companhia de Musk, esse tempo médio é de 20 ms.
Com essa tecnologia, a empresa consegue levar internet rápida a locais onde outras formas de conexão chegam lentamente ou nem existem por serem economicamente inviáveis, como áreas rurais, pequenos vilarejos e florestas densas como a Amazônia. Também pode ser usado em barcos em alto mar ou em aviões que se deslocam no céu.
Atualmente, um consumidor que quiser adquirir internet Starlink em casa precisa desembolsar R$ 1.200 a R$ 2.400 pelo equipamento – kit com antena, roteador e cabos. A mensalidade do serviço custa R$ 184, segundo o site da empresa.
Os preços mudam de acordo com o perfil do cliente. Para embarcações, por exemplo, o custo dos equipamentos chega a R$ 12.830, e a mensalidade é de R$ 1.283.
ENTENDA O CASO MUSK x MORAES
O conflito se intensificou desde 17 de agosto, quando o perfil de Relações Governamentais Globais do X anunciou que fecharia seu escritório no Brasil, mas que a rede social continuaria disponível para os brasileiros. Na publicação, a empresa afirmou que a medida foi tomada por conta de decisões de Moraes.
No documento, que faz parte de um processo confidencial, é possível ler que Moraes solicitou o bloqueio de perfis que publicassem mensagens “antidemocráticas” ou de ódio contra autoridades – não está claro como isso teria se configurado como violação das leis brasileiras.
A empresa, porém, não cumpriu as ordens. O magistrado então aumentou a multa e deu 24 horas para bloquear a rede, sob pena de prisão por desobedecer à ordem judicial. Também determinou a prisão de Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição “por desobediência à ordem judicial”. Rachel de Oliveira é citada como “representante” do X no Brasil.
Na quarta-feira (28/08), Moraes determinou que a empresa identifique um representante legal no Brasil em até 24 horas, sob pena de suspensão das operações em todo o país. O prazo expirou às 20h07 desta quinta-feira (29/08). Na sexta-feira (30.ago), o ministro determinou a suspensão do X no Brasil.
O acesso, porém, pode demorar até quarta-feira (4 de setembro) para ser totalmente bloqueado. Isso porque Moraes deu 2 prazos diferentes para cumprimento da decisão. Para a Anatel foi dado o prazo de 24 horas para que a agência, após a intimação, se comunique a todos os provedores de internet do país. Esse prazo terminou no sábado (31 de agosto), por volta das 17h, quando a entidade precisou comunicar ao Supremo que a determinação havia sido cumprida.
Para as operadoras de internet, bem como para as lojas de aplicativos, a decisão concede prazo de até 5 dias, contados a partir da comunicação da Anatel, para adotar as medidas necessárias ao bloqueio do acesso ao X no país. Ou seja, até quarta-feira (4 de setembro).
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