Pai de dois filhos, paciente conquistou, na Justiça, o direito de cultivar maconha em casa para manter tratamento contra insônia e ansiedade generalizada
O assunto, que ainda é tabu, mudou a vida de um catarinense de 45 anos. Desde 2023, quando começou a usar cannabis medicinal, a vida do carpinteiro mudou drasticamente. A rotina que antes era de estresse, cansaço e irritabilidade deu lugar ao controle, produtividade e alívio.
No dia 23 de agosto deste ano, o paciente — cuja identidade será preservada e vamos chamá-lo de Henrique — conquistou na Justiça o direito de produzir a planta em casa e, dela, extrair canabidiol e tetrahidrocanabinol, substâncias que o auxiliam no controle de transtorno de ansiedade generalizada, insônia e hiperatividade.
Na opinião, o 7ª Vara Federal de Florianópolis considerou a ineficácia de outros tratamentos e entendeu que “impedir o paciente de realizar os atos desejados prejudicará muito o tratamento da sua própria saúde e da sua qualidade de vida”.
“Sempre fui aquele garoto que não conseguia se acalmar”, lembra paciente
Aos 45 anos, Henrique afirma que o diagnóstico completo só veio depois de atingir a idade adulta. Quando criança, a hiperatividade fez dele “o garoto que não se acomoda”, que não tinha sono e não ficava parado. Mais tarde, aos 20 e poucos anos, ele foi diagnosticado com ansiedade generalizada. Neste momento, Henrique tentava controlar os sintomas com Escitalopram e Zolpidem.
“Sempre fui uma pessoa que não dormia bem, ia dormir tarde e acordava cedo. Dormi cerca de duas horas seguidas e depois acordei. Dormi mais uma hora e acordei. Eu não dormia nem três horas por noite”, diz ela.
Em 2020, após ser diagnosticado com dores crônicas causadas pela falta de sono, teve seu primeiro contato com a cannabis medicinal.
“Os médicos me receitaram óleo de CBD para tratar as dores e, consequentemente, comecei a melhorar minha insônia e ansiedade, mas, na época, não liguei uma coisa à outra”, conta à reportagem.
Em 2023, os problemas de insônia, desencadeados pela ansiedade generalizada, pioraram e Henrique procurou novos tratamentos para o problema. Foi então que os produtos derivados da cannabis entraram de vez na sua vida e “a melhoria foi surpreendente”.
Cannabis medicinal melhora qualidade de vida de catarinenses
Os médicos consultados por Henrique explicaram que a ansiedade generalizada não permitia que o cérebro entrasse em estado de repouso, situação que desencadeou os demais problemas. O tratamento à base de CBD (Canabidiol) de espectro total 80 mg e óleo de THC (tetrahidrocarbinol) 10 mg, extraído da cannabis medicinal, mudou a vida dos catarinenses.
“Hoje consigo dormir bem, entre 6 e 7 horas. Minha qualidade de vida melhorou. Estou com o metabolismo acelerado e engordei, inchei dez quilos, por conta da medicação tradicional. Não foi legal”, ressalta. Ele lembra que as drogas o deixaram “desconectado” e “sonolento o dia todo”, situação que hoje não se repete.
“Hoje, tenho 4 medicamentos à base de cannabis receitados por médicos. Um diário, um que uso quando acordo, outro à noite e um na crise. Os remédios que tomo durante o dia não me dão sono, consigo produzir muito mais no meu trabalho”, diz o catarinense, que trabalha como carpinteiro e pedreiro.
A mudança de comportamento após o uso da cannabis medicinal também foi percebida pela família de Henrique. “A ansiedade deixa a gente um pouco nervoso, muda o humor da pessoa. Minha esposa e meus filhos sempre falam que eu mudei, me tornei uma pessoa mais compreensiva, mais calma. A relação em casa agora está muito boa”, comemora.
Cultivo caseiro de maconha garante economia e manutenção do tratamento
O processo para garantir o salvo-conduto às plantações de maconha começou há pouco mais de um ano. Seu caso demorou mais que o esperado, o que gerou certa insegurança em Santa Catarina.
“Outros casos voltaram mais rápido que o meu, então eu já estava sem esperança”, diz.
Para obter aprovação judicial, foi necessária a contratação de um agrônomo capaz de estimar a quantidade necessária de plantas, para garantir a extração suficiente de óleo e a continuidade do tratamento. Com base nesses parâmetros, Henrique poderá ter em casa até 97 mudas de plantas, o que lhe garante medicação por até seis meses. Os custos de plantio, manutenção e extração de CBD e THC deverão ficar em torno de R$ 400 — valor quatro vezes menor do que ele vinha gastando com medicamentos disponíveis na indústria farmacêutica.
“Tem remédios que o médico receitou para usar de manhã e à noite, mas eu só usava à noite para economizar. Os custos ficaram na faixa de R$ 1.600 por mês e somos quatro, é um valor alto para tirar do orçamento familiar”, afirma no relatório.
O primeiro lote de plantas está em fase de maturação. O processo de cuidar das plantas tornou-se para ele um hábito terapêutico. “O agrônomo me explicou que, por fatores biológicos, a perda é muito mais fácil do que a produção. Então, só o ato de cultivar e ter responsabilidade por aquela planta, sabendo que ela é o seu remédio, já faz bem”, explica.
“Tem que ser responsável, até porque é um remédio, não é uma planta que vai ficar linda no seu jardim, na sua estufa”, reforça Henrique.
Mesmo com a identidade preservada, a construtora fez questão de responder à reportagem. Para ele, falar sobre o assunto é importante para mostrar que é possível viver com qualidade, mesmo tendo um distúrbio que, sem tratamento adequado, pode causar inúmeros malefícios à sua saúde.
“Estou ajudando outras pessoas a terem esperança”, acredita o catarinense. Ele acredita que, dentro de três meses, poderá fabricar o primeiro medicamento caseiro.
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