Abraço garante voto, apostam marqueteiros e candidatos

Com peso cada vez menor e apenas 20 minutos, o primeiro dia do horário eleitoral gratuito na TV para os candidatos a prefeito de Campo Grande pode ser resumido em abraços, história familiar e mais abraços, mantendo o tradicional roteiro de apresentação pessoal no primeiro dia

Em 1989, nas primeiras eleições após 28 anos de ditadura militar, o horário eleitoral durou 2 horas e 30 minutos, dividido em dois horários.

Porém, com o passar dos anos e o crescimento da concorrência com a TV paga e os serviços de streaming, esse tempo diminuiu e atualmente é de apenas 20 minutos, sendo dez ao meio-dia e o restante à noite.

E, além de ter um tempo diário cada vez mais curto, o período de transmissão também é cada vez mais curto. Começou hoje (30) e vai até o dia 3 de outubro, três dias antes do pleito marcado para 6 de outubro. Numa possível 2.ª volta, marcada para 27 de outubro, o horário eleitoral gratuito será retomado no dia 11 e prolonga-se até dia 25.

COLIAGAÇÕES

O que não mudou, porém, é o fato de o tempo de TV de cada candidato continuar a ser definido de acordo com a representação de cada chapa no Congresso nas eleições gerais anteriores.

Por conta disso, o tucano Beto Pereira tem quase 50% do tempo livre (4 minutos e 58 segundos), pois conta com o apoio de partidos como PL, MDB, PSD, PSB e do próprio PSDB.

Enquanto isso, os demais precisam dividir o restante, restando um minuto e 43 segundos para a petista Camila Jara; um minuto e 35 segundos para Rose Modesto; um minuto e 17 segundos para a prefeita Adriane Lopes; e 27 segundos para Lus Queiroz. Os outros três nem aparecem.

Se o tempo de TV é essencial para a vitória, há polêmicas e uma série de exemplos que comprovam argumentos a favor e contra. Porém, parece haver um consenso quanto à fórmula do primeiro dia de tempo livre.

A distribuição de abraços e o resumo da história pessoal e familiar deram o tom dos dez minutos do primeiro dia em Campo Grande. E, se o número de abraços fosse sinônimo de votos, o candidato tucano já teria a vitória garantida. Principalmente porque teve mais tempo no ar. Mas sua equipe de campanha fez questão de mostrar que ele é “gente como a gente”.

A candidata Rose Modesto, por sua vez, enfatizou o suposto apoio que tem da população, destacando o grande número de pessoas no lançamento de sua campanha, que teve como um dos destaques o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Durante este evento, houve também uma profusão de abraços.

Adriane Lopes, por sua vez, ao falar sobre sua trajetória e mostrar imagens de sua infância e juventude, misturou as imagens com abraços distribuídos aos moradores da periferia.

Camila Jara não utilizou imagens externas ao falar sobre sua história familiar. Ao falar da mãe e da avó, ela destacou seu ativismo em defesa dos direitos das mulheres e o único abraço que demonstrou foi o do presidente Lula, seu principal garoto-propaganda.

Os 27 segundos de Luso Queiroz também o impediram de sair à rua para os tradicionais abraços. Ele passou o tempo “abraçando” a vice-candidata, Lia Santos (Rede).