Especialistas ouvidos pela Globo afirmam que intimação via rede social, como a feita pelo ministro Alexandre de Moraes com o X, é uma novidade no ordenamento jurídico brasileiro e pode levar a uma mudança na jurisprudência.
Na quarta-feira, o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) convocou o empresário Elon Musk, dono da X, para se apresentar em 24 horas um novo representante legal da rede social no país. A comunicação, porém, ocorreu em uma publicação no próprio X.
Até o momento, segundo especialistas, há casos no Brasil de intimações feitas por meio de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, mas não por meio de redes sociais.
Análise
Rafael Viola, professor de Direito e Tecnologia do Ibmec/RJ, afirma que o meio preferencial de intimação é o e-mail, e que em alguns casos é possível fazê-lo via WhatsApp.
— Nosso Código de Processo Civil permite e dá preferência à intimação por meio eletrônico. Mas o que é o meio eletrônico? É o e-mail. É a primeira vez que vemos uma intimação para X — explica ele, acrescentando:
— Nos últimos anos, a Justiça permitiu certas intimações feitas via aplicativos de mensagens, mas é um pouco diferente, porque no WhatsApp você tem um número específico, onde a pessoa visualiza e responde a mensagem.
Viola alerta, porém, para os efeitos da medida tomada pelo STF, que poderão ser replicados por outros juízes.
— Esta decisão tem um efeito descendente. A partir de agora, todo o tribunal do Brasil está autorizado a expedir intimações via plataformas sociais, marcando pessoas? Se o STF validar esse tipo de intimação, isso acaba impactando todos os processos no Brasil.
Notícias
O advogado Luiz Friggi, sócio do escritório Simões Pires Advogados, também destaca que a intimação via redes sociais é nova, e afirma que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) limitou a prática via Whatsapp, que vinha sendo realizada em instâncias inferiores.
— Já foi validado algumas vezes via WhatsApp, até chegar ao STJ. Via plataforma, redes sociais, postagem no Instagram, postagem no Twitter, nunca vi. É algo muito novo. Por não ser uma plataforma de mensagens diretas, você posta para o público.
Friggi acredita que o fato do dono da X, o empresário Elon Musk, ter respondido à publicação do STF na rede social, poderia servir como prova de que ele tinha conhecimento da intimação.
— Ele (Moraes) pôde considerar que o objetivo do ato processual foi alcançado, uma vez que dele teve conhecimento inequívoco, respondeu, e que para todos os efeitos a plataforma foi notificada da decisão.
O promotor Vladimir Aras afirmou que, por morar no exterior, o empresário Elon Musk, dono da X, deverá ser convocado por meio de carta rogatória ou atendimento direto.
“Os atos de comunicação processual a serem realizados no exterior deverão seguir o caminho adequado, nos termos do CPP e dos tratados aplicáveis. As pessoas residentes no exterior deverão ser citadas ou convocadas por rogatório (CPP) ou por assistência direta (CPC)”, escreveu Aras no X.
Decisões no STJ
No ano passado, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisou a possibilidade de intimação tanto via aplicativo de mensagens quanto pelas redes sociais. Em ambos os casos, o entendimento foi de que não há autorização legal, o que poderia levar à nulidade do ato. Contudo, os ministros entenderam que em casos excepcionais poderá haver exceção, caso fique comprovado que a comunicação foi recebida.
Veja também
Almíscar
Com impasse entre Moraes e Musk no x, Lula publica perfis em outras redes
Almíscar
Moraes bloqueia recursos Starlink de Musk e empresa promete ir à Justiça
emprestimos pessoal em curitiba
quem tem bpc pode fazer empréstimo
bancos inss
antecipar decimo terceiro itau
cartao itau inss
emprestimo pessoal 5 mil
empréstimo consignado melhores taxas