O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou nesta quarta-feira, 28, a União e o Governo de Minas a iniciarem um processo de conciliação para tentar resolver o impasse em torno da dívida do Estado.
Nas reuniões bilaterais, os governos federal e estadual chegaram a um “consenso mínimo” para manter Minas Gerais no Regime de Recuperação Fiscal, ao mesmo tempo que definiam regras e estruturavam um cronograma de pagamentos.
Em documento enviado ao STF, União e Estado pediram mais tempo para tentar destravar o acordo, antes da intervenção do tribunal.
“As partes esclarecem que não chegaram a um consenso em relação ao pedido principal. Além disso, esta petição não significa uma convergência total entre a posição sobre outros pontos que não foram aqui abordados”, diz o documento.
Em troca, o governador Romeu Zema (Novo) se comprometeu a pagar R$ 1 bilhão – dos R$ 8 bilhões inicialmente previstos – ao governo federal até o final de 2024.
Em nota, o Governo de Minas Gerais informou que a solução temporária “dá mais segurança ao processo, uma vez que não há risco de execução de dívidas em formatos inexequíveis” e que “aguarda solução definitiva” para renegociação da dívida.
Um novo projeto de renegociação da dívida dos Estados com a União tramita no Congresso Nacional, o Programa de Pagamento Integral das Dívidas dos Estados (Propag), de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Embora tenham dado luz verde às negociações, os ministros do STF sinalizaram que poderão voltar a debater o tema em breve, não só em relação a Minas, mas de forma mais ampla, para definir regras sobre a renegociação de acordos.
“Temos um problema que não é um problema atual, mas é um problema que tem que ser resolvido agora, ou pelo menos dar diretrizes para a solução”, defendeu a ministra Cármen Lúcia.
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou que o acordo “deve ser cumprido”. “O não cumprimento por parte de alguns estados e o cumprimento por outros estados gera desigualdade federal indesejável.”
Ex-governador do Maranhão, ministro Flávio Dino falou em “deslealdade federal”.
“A União, para pagar as parcelas, ou emite (títulos) ou vai ao mercado. Quando vai ao mercado, ela pega um crédito com uma taxa de juros maior do que aquela que cobra dos Estados. cria uma situação prejudicial, não só para todos os contribuintes, ou para o património da União, mas sobretudo para a retenção de crédito para outros Estados. Num país com 27 unidades federadas, é de facto muito grave.”
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