O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou nesta terça-feira, 27, que o projeto orçamentário do próximo ano, a ser anunciado na sexta-feira, está mais alinhado com o que deve acontecer na economia. Durante sua participação na conferência anual do Santander (BVMF :), Haddad disse que a peça que está sendo finalizada traz mais conforto à equipe econômica do que a apresentada no ano passado, quando, reconheceu o ministro, houve otimismo excessivo com as receitas extraordinárias arrecadadas em outorgas e concessões.
Depois de ressaltar que a peça orçamentária é uma construção que passa por diversas áreas técnicas, portanto não há como disfarçar, Haddad garantiu que o orçamento do próximo ano será “equilibrado” – ou seja, prevendo um equilíbrio entre receitas e despesas, como o é determinada a meta estabelecida no quadro fiscal para as contas primárias.
“Digo-vos, com muita calma, esta peça orçamental dá-me mais conforto do que a do ano passado. A peça orçamental do ano passado, na minha opinião, subestimou as receitas ordinárias e superestimou as receitas extraordinárias. ministro durante sua participação na conferência anual do Santander.
“Minha sensação é que está muito mais ajustado ao que acho que vai acontecer com a economia brasileira”, acrescentou. O ministro lembrou que, devido à deflação do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), observada pela Receita na projeção da receita, as receitas ordinárias foram subestimadas no orçamento em execução neste ano.
Assim, Haddad reforçou que o governo deve entregar neste ano a meta de resultado primário dentro da faixa, que permite déficit de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em contas que desconsideram o pagamento de juros. Porém, o resultado terá uma composição mais benéfica do lado da receita, já que a surpresa veio das receitas recorrentes.
O ministro acrescentou ainda que o projeto orçamentário para 2025 será enviado ao Congresso com propostas da iniciativa privada. “O setor privado está se juntando ao esforço do Tesouro em buscar fontes de receitas eficientes e alternativas que beneficiem o equilíbrio das contas públicas. Temos conversado com diversos segmentos e, há pouco mais de um mês, recebemos uma proposta muito interessante que será transformá-lo em um programa que será incluído na lei orçamentária”, declarou Haddad, acrescentando que o programa está alinhado ao desejo de um sistema tributário “mais digno”.
Meta fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar nesta terça-feira, 27, que continua otimista com o Brasil e que acha que o país pode entrar em um ciclo de crescimento sustentável se o governo continuar fazendo o que precisa ser feito, o que, segundo para ele, é a obsessão do governo desde dezembro de 2022.
“Queremos reduzir o estímulo fiscal que vem sendo dado há 10 anos, praticamente desde 2015. Temos um défice primário muito elevado e queremos substituir esse estímulo fiscal por uma regra de desenvolvimento com taxas de juro moderadas, com sustentabilidade fiscal e com um conjunto de reformas que empreenderemos para proporcionar um horizonte de longo prazo aos investidores, aos trabalhadores, aos cidadãos em geral”, disse Haddad.
Inflação
O ministro da Fazenda disse que não vê pressões inflacionárias na economia, ao comentar o IPCA-15, divulgado nesta terça-feira em linha com as expectativas do mercado.
“Não estamos vendo pressões inflacionárias, núcleos de inflação muito comportados. É importante falar isso porque todo mundo tem medo do emprego, imaginando que a inflação vai bater na porta. estão cedendo”, declarou o ministro ao abordar o debate em torno da pressão sobre os preços do aquecido mercado de trabalho.
Haddad antecipou que os dados do Caged de julho, a serem divulgados amanhã pelo Ministério do Trabalho, mostrarão que as empresas passaram a contratar mais do que demitiram no Rio Grande do Sul, após a tragédia climática que devastou regiões do Estado em maio. “Depois de dois meses de uma tragédia cuja dimensão ninguém sabia calcular, hoje temos o Rio Grande do Sul com saldo de contratações positivo”, disse o ministro.
Crédito
Haddad disse que há razões para acreditar que o crédito continuará a crescer a um ritmo de dois dígitos, citando o impulso do quadro de garantias no acesso ao financiamento bancário.
Ao mencionar durante conferência do Santander a previsão da Febraban, associação de bancos, que aponta para um crescimento de 10,3% na carteira de crédito este ano, Haddad frisou que há “todos os motivos do mundo” para imaginar que o crescimento continuará. Segundo o ministro, o novo marco legal de garantias, que amplia a disponibilidade de crédito ao reduzir o risco dos bancos, já está produzindo efeitos positivos nas vendas de automóveis e motocicletas.
“Acredito que o mercado imobiliário também sentirá os efeitos do novo quadro de garantias, dado o aperfeiçoamento da lei”, declarou Haddad, chamando também a atenção para o efeito favorável da concorrência bancária sobre os spreads – ou seja, a diferença entre as captações taxas e taxas cobradas pelos bancos aos consumidores.
“Acho que o Brasil vai crescer mais e melhor porque estamos tomando as medidas necessárias para que isso aconteça”, declarou Haddad.
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