A defesa do perito Eduardo Tagliaferro prepara uma ação institucional que será apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias para questionar a abertura de inquéritos oficiais por ministros, como ocorreu na investigação sobre o vazamento de mensagens de Alexandre de Escritório de Moraes.
O advogado Eduardo Kuntz considera que esta prerrogativa deve ser exercida exclusivamente pelo presidente do tribunal.
Segundo o criminalista que pretende argumentar na ação, as investigações deverão ser iniciadas pelo ministro-presidente e, posteriormente, sorteadas para reportagem entre os integrantes do tribunal.
O processo deverá se basear no artigo 43 do Regimento Interno do STF. Esse foi o artifício utilizado para justificar a abertura do inquérito das fake news no STF, em 2019. O artigo prevê que “se houver violação da legislação penal na sede ou dependências do tribunal, o presidente abrirá inquérito , se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegar essa atribuição a outro ministro”.
Para o advogado, o ministro Alexandre de Moraes não poderia ter agido de ofício, ou seja, sem a provocação de órgãos de investigação, como o Ministério Público, ao abrir a investigação sobre o vazamento de mensagens envolvendo seus auxiliares. Na opinião do criminalista, a investigação é nula e deve ser encerrada por vícios formais.
A investigação sobre a divulgação dos diálogos estava associada ao inquérito das fake news, que investiga ataques, ofensas e ameaças a ministros. Alexandre de Moraes justificou que o “vazamento deliberado de informações” poderia estar associado a uma “ação estruturada de uma possível organização criminosa cujo objetivo é desestabilizar as instituições republicanas”.
A ação que está sendo preparada por Eduardo Kuntz também deve utilizar trechos do Código Penal que estabelecem as regras que impedem a atuação de magistrados em investigações e processos criminais.
Esta não é a primeira investigação aberta por Alexandre com base em episódios que o envolvem. Isto também ocorreu na investigação das hostilidades sofridas no aeroporto de Roma. Foi o ministro quem ordenou o início da investigação. Porém, nesse processo, houve uma redistribuição para o gabinete de Dias Toffoli.
Como mostrado por Coluna do EstadãoColegas do STF acreditam que Moraes deveria abrir mão de reportar o caso para evitar esgotamento ou questionamentos sobre sua atuação.
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