O ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela negação dos recursos contra a decisão que anulou a chamada “revisão vitalícia” dos benefícios do INSS. Para o ministro, que é relator do caso, não há necessidade de modular os efeitos para preservar o direito de revisão previdenciária para quem já tinha ações ajuizadas antes do julgamento. A análise começou nesta sexta-feira, 23, na plenária virtual, e segue até 30 de agosto.
Em dezembro de 2022, o Supremo validou a “revisão vitalícia” por 6 a 5, dando vitória aos aposentados. O julgamento foi uma derrota para a União, que estimou impacto de até R$ 480 bilhões nas contas públicas, segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A tese que sustentava a “revisão de toda a vida” era a de que o segurado tinha o direito de optar pela regra que lhe fosse mais vantajosa: ou a regra de transição, que contabilizava os salários a partir de 1994, ou a regra geral, que contabilizava toda a vida contributiva.
Em março deste ano, o STF anulou indiretamente a decisão anterior, por meio do julgamento de outra ação sobre a regra de transição. Neste caso, o Tribunal decidiu que a regra de transição para cálculo do benefício é constitucional e, portanto, o segurado não pode optar pela regra que lhe for mais favorável. A mudança na composição do Tribunal, com dois novos ministros (Flávio Dino e Cristiano Zanin), contribuiu para a mudança.
Os recursos foram apresentados pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNTM) e pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev).
O Ieprev argumentou que o STF se omitiu ao não comentar os efeitos da decisão de março deste ano na decisão tomada em 2022. O instituto pede ainda que seja preservado o direito de revisão previdenciária para quem já tinha ações ajuizadas até a data da publicação da decisão do julgamento, em 21 de março.
A entidade também contestou o impacto bilionário reivindicado pela União para a revisão dos benefícios. Segundo estudos realizados pelos economistas Thomas Conti, Luciana Yeung e Luciano Timm para o Ieprev, o impacto financeiro mais provável seria de R$ 1,5 bilhão ou, na pior das hipóteses, de R$ 3,1 bilhões. A integridade do sistema previdenciário foi um dos pontos destacados pelos ministros que votaram pela anulação da tese, como Luís Roberto Barroso e Cristiano Zanin.
Em junho, a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou contra os recursos. O órgão argumentou que a decisão favorável aos aposentados, proferida em dezembro de 2022, “ainda não transitou em julgado, portanto não há ameaça à segurança jurídica”.
A AGU citou ainda um estudo mais recente, segundo o qual o custo financeiro da “revisão de vida” seria de R$ 70 bilhões.
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