Ao lado de Lula, Herman Benjamin se refere ao presidente em discurso de esquerda Por Estadão Conteúdo

O novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamin, tomou posse nesta quinta-feira, 22, com discurso de esquerda e referências ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista estava sentado ao lado de Benjamin na mesa principal da cerimônia.

Benjamin falou contra a fome e a pobreza, defendeu as minorias, criticou regalias e concentração de terras, renda e bem-estar. Leia abaixo algumas frases do ministro a esse respeito:

Vantagens – “Nós, como juízes, não aceitamos que a lei só seja válida para reforçar privilégios”;

Vulnerabilidade social – “Se a lei é para todos, quem mais precisa são os vulneráveis”;

Fome e desnutrição – “O Estado de Direito como projeto inclusivo para todos só será universal quando a fome e a desnutrição acabarem”;

Minorias no Judiciário – “Aflição com o pequeno número de mulheres, afro-brasileiros e minorias” na cúpula do Judiciário;

Benjamin também fez referência a Lula, que esteve ao seu lado, em pelo menos duas ocasiões. Primeiro, ele mencionou uma criança que sai de uma região pobre do Brasil para ir para a cidade grande com a mãe analfabeta e, “do chão de uma fábrica, passa a ocupar a Presidência da República”. Essa é exatamente a trajetória de Lula.

O novo presidente do STJ disse ainda que não existe “estado de direito robusto, pleno e inclusivo na penúria”. Ele citou como exemplo uma criança que sonha comer uma maçã que vê na feira. Esta é mais uma referência a Lula. “Tinha 14 anos e queria comer uma maçã argentina, mas não tinha dinheiro. Não roubei a maçã para não envergonhar a minha mãe”, disse o Presidente da República num dos muitos vezes ele falou sobre sua infância e juventude pobres.

‘Enfrentar a evasão do Judiciário’

Benjamin defendeu a valorização dos magistrados no país e demonstrou preocupação com a evasão dos juízes do serviço público. “Venho de uma época em que quem se candidatava a juiz nunca abandonava a carreira, a não ser por aposentadoria ou falecimento. Por isso, pretendo, na minha gestão, em conjunto com o CNJ, estudar e enfrentar esse fenômeno tão preocupante”, disse. afirmou, sob aplausos dos convidados.

“Expresso preocupação, por um lado, pela angústia pelo pequeno número de mulheres afro-brasileiras, mas também por uma inquietação com certa fuga recente, altamente prejudicial ao interesse público, que leva juízes, alguns com mais de dois anos de serviço décadas, pedir demissão e ir para outras profissões”, afirmou o ministro.

Herman também disse que um juiz “nunca se recupera” da “experiência cruel” de passar em concurso público. “O Brasil deve muito ao seu esforço e coragem pública.”

História

Herman Benjamin está no STJ desde 2006. É ex-membro do Ministério Público de São Paulo. Chegou à Corte que hoje preside por indicação de Lula, durante o primeiro governo do PT.

O agora presidente do STJ disse que o Tribunal é “razoavelmente novo, mas com a missão de julgar problemas antigos, até centenários”. Ele também mencionou o volume de processos que precisam ser julgados, com ações oriundas dos tribunais estaduais e dos Tribunais Regionais Federais.