O Senado aprovou nesta quarta-feira o projeto de lei que garante desoneração da folha de pagamento para empresas de 17 setores intensivos em mão de obra e municípios com até 156 mil habitantes. A iniciativa faz parte de um acordo entre o governo federal e o Congresso e define medidas de compensação fiscal. A votação foi simbólica. O texto segue para a Câmara.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), é o relator do projeto e apresentou seu parecer na semana passada.
A isenção da folha de pagamento das empresas substitui a contribuição previdenciária patronal das empresas de setores que são grandes empregadores, de 20%, com alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Esta troca reduz os custos de contratação para 17 setores, como têxteis, calçado, construção, call centers, comunicações, produção de veículos, tecnologia e transportes.
O projeto aprovado prevê uma renegociação gradual das empresas. Em 2024, a isenção permanecerá como está hoje. Mas a contribuição para a folha de pagamento começaria a crescer a partir do ano que vem: será de 5% em 2025, 10% em 2026, 15% em 2025 e chegaria a 20% em 2028.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, calcula que o projeto traria R$ 26 bilhões ao governo em decorrência de compensações. O autor do projeto é o senador Efraim Filho (União-PB), que assumiu a tarefa após o governo desistir de acabar com a isenção tributária por meio de medida provisória (MP).
JCP
Uma das medidas do texto previa o aumento da alíquota do Imposto de Renda sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP), dos atuais 15% para 20%. JCP é um método de transferência de lucros das empresas para os acionistas. Esta medida, no entanto, foi retirada durante as negociações plenárias.
Na lista de compensações, há outras medidas.
A lista até o momento inclui a repatriação de recursos depositados no exterior por brasileiros, mediante pagamento do Imposto de Renda. Neste caso, não seria necessário trazer recursos para o Brasil, mas apenas regularizá-los.
Permite ainda a atualização do valor dos bens, especialmente imobiliários, e a cobrança de Imposto de Renda reduzido sobre ganhos de capital. Hoje, o IR sobre ganho de capital em imóveis é cobrado no momento da venda. A ideia é possibilitar a antecipação da atualização do capital com alíquota reduzida no pagamento do Imposto de Renda.
Outra solução é criar uma espécie de Refis apenas sobre multas aplicadas por órgãos reguladores e que ainda não entraram em dívida ativa. Também faz parte do projeto a utilização de recursos depositados em contas judiciais e os titulares desse direito não sacaram o dinheiro.
A lista também inclui economias esperadas decorrentes de cortes nas despesas com benefícios pagos irregularmente ou sujeitos a fraude. E a tributação de compras abaixo de US$ 50, esta última já sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Acordo
Governo e Congresso chegaram a um acordo para compensar o impacto fiscal e um gravame gradual da folha salarial após o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspender a medida.
Em junho, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu parte de uma MP do governo que limitava os créditos de PIS/Cofins das empresas como forma de compensação. O governo esperava cerca de R$ 29 bilhões com a medida este ano. A partir daí, as negociações foram reabertas para encontrar outras fontes de recursos.
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