O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, anunciou nesta terça-feira (20) que os problemas de transparência e rastreabilidade das emendas parlamentares foram resolvidos durante reunião realizada com os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e representantes do governo federal.
Mais cedo, o ministro Barroso realizou um almoço para resolver o impasse causado pelas decisões individuais do ministro Flávio Dino, confirmadas pelo plenário, que suspendeu o pagamento das emendas obrigatórias e das chamadas “emendas Pix” ao Orçamento da União.
Durante a reunião, ficou decidido que as alterações serão mantidas, mas terão que seguir critérios de rastreabilidade, além de reportar ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo o presidente do STF, a suspensão dos repasses a deputados e senadores foi considerada “na medida do possível” e dentro dos limites das competências do STF.
“Conseguimos abordar adequadamente a rastreabilidade e a transparência, que foram estabelecidas de forma inequívoca e sob controle do TCU”, afirmou.
O ministro Barroso negou que o Supremo tenha validado proposta articulada entre o Executivo e o Legislativo.
“As nossas preocupações eram de natureza constitucional e institucional relativamente à transparência, rastreabilidade e correcção da aplicação destes recursos”, explicou.
Pelo acordo, o Senado e a Câmara terão 10 dias para cumprir as novas determinações. O acordo deverá então ser aprovado pelo ministro Flávio Dino, relator do caso, e votado no plenário da Corte. As transferências permanecem suspensas até aprovação.
Imposição de alterações
Na quarta-feira (14), o ministro Flávio Dino decidiu que os repasses de alterações tributárias seriam suspensos até que os poderes Legislativo e Executivo criassem medidas de transparência e rastreabilidade dos recursos. Esse tipo de emenda obriga o governo federal a encaminhar os recursos previstos para órgãos indicados pelos parlamentares.
A decisão foi motivada por ação movida à Justiça pelo PSOL. O partido alegou ao Supremo que o modelo que impõe emendas individuais e coletivas de deputados federais e senadores torna “impossível” o controle preventivo dos gastos.
O ministro entendeu que a suspensão das alterações era necessária para evitar danos irreparáveis aos cofres públicos. De acordo com a decisão, somente poderão ser pagos aditivos destinados a obras em andamento e para responder a situação de calamidade pública.
Alterações Pix
No dia 1º de agosto, o ministro Flávio Dino suspendeu as chamadas “emendas Pix”, utilizadas por deputados e senadores para repasses diretos a estados e municípios, sem necessidade de convênios para recebimento de repasses.
O ministro entendeu que esse tipo de alteração deve seguir critérios de transparência e rastreabilidade. Pela mesma decisão, a Controladoria-Geral da União (CGU) deverá realizar auditoria dos repasses no prazo de 90 dias.
Por unanimidade, as duas decisões de Dino foram referendadas pelo plenário da Corte nesta sexta-feira (16).
*Artigo alterado às 17h32 para acrescentar informações
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