Depois de mais de três horas, terminou a reunião —seguida de almoço— entre autoridades dos três Poderes no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira.
O objetivo do encontro, que reuniu a liderança do Congresso, representantes do Executivo e os onze ministros da Corte, é tentar chegar a um acordo sobre as emendas parlamentares.
O tema vem causando embate entre o Congresso e o Judiciário desde que o ministro Flávio Dino suspendeu, na semana passada, a execução de todas as emendas obrigatórias.
A decisão foi confirmada pelos demais membros do STF na sexta-feira, irritando ainda mais o Legislativo.
No almoço realizado na presidência do Supremo Tribunal Federal — que aconteceu em clima de cordialidade, segundo reportagens coletadas pela Globo — a intenção da Corte foi ouvir as propostas da Câmara e do Senado para que maior transparência possa ser aplicada ao alterações, seguindo o que determina a Constituição.
Participaram da reunião, além de todos os ministros do STF, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (Procurador-Geral da União) representaram o Executivo.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também esteve presente.
Diante da posição dos desembargadores, o Congresso se preparava para dar mais transparência às chamadas emendas ao pix, cujos valores são enviados diretamente aos cofres dos estados e municípios.
A ideia era carimbar o orçamento com uma finalidade específica para esses recursos.
No Tribunal há o entendimento de que este é o início de um processo de conversação e que as regras para o orçamento são uma questão de Estado.
Há também a percepção de que é o Congresso quem precisa apresentar propostas, e não os juízes.
Como noticiou O Globona nesta segunda-feira, entre as possibilidades discutidas no Palácio do Planalto está a de transformar emendas de comissão, elaboradas por grupos temáticos da Câmara e do Senado, em indicações para projetos de investimentos e políticas públicas prioritárias do governo federal.
A ideia, porém, não agrada ao Legislativo, que também refuta qualquer recuo na imposição de emendas de implementação, ou seja, na obrigatoriedade de pagamento de recursos indicados pelos congressistas.
No cenário considerado pelo governo para um novo modelo de emendas em comissão, os parlamentares indicariam projetos que fazem parte da Lei Orçamentária Anual (LOA), aprovada pelo Congresso.
Isso incluiria obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e outras políticas públicas consideradas importantes pelo Executivo.
Membros do governo envolvidos nas discussões avaliam que o objetivo da proposta não é acabar com as emendas, mas evitar que elas sejam distribuídas de forma pulverizada e sem aderência às políticas públicas.
Na interpretação de dirigentes partidários ouvidos pela Globo, porém, se isso ocorresse, o recurso perderia o “carimbo de voto”.
Ou seja: os investimentos repassados pelos deputados seriam diluídos em projetos maiores da União e enfraqueceriam o vínculo direto com os parlamentares.
Alternativas foram discutidas em reunião na manhã desta segunda-feira, no Planalto, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e líderes do governo no Congresso.
Lula e Lira também conversaram ontem à noite, no Palácio do Planalto, para preparar o terreno para a reunião oficial.
Líderes da Câmara e do Senado avaliam que o ideal é criar um meio-termo para as emendas, o que não retire a influência que o Congresso conquistou ao longo dos últimos anos, mas que também não deixe o governo federal desacreditado.
Devido ao ambiente tenso entre os Poderes, uma das estratégias do governo não foi chegar a esta primeira reunião para tratar do tema com uma proposta fechada, mas com disposição para ouvir.
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