A ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB), do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e do apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) foi o principal tema do debate entre candidatos a prefeito de São Paulo promovido pela revista Olhar nesta segunda-feira, dia 19. Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e Marina Helena (Novo), os únicos presentes, criticaram incisivamente a ausência de seus adversários, num debate que também foi marcado pela falta de propostas concretas para a cidade e de respostas para as perguntas feitas.
No seu primeiro discurso, Marçal justificou a ausência dos seus adversários alegando que um problema de “masculinidade e virilidade” afecta a “nação”. Marina Helena, por sua vez, chamou os ausentes de “fugitivos” e questionou como alguém que teme o confronto pode comandar a cidade. Tabata acusou os seus adversários de agirem com “covardia” e afirmou que Nunes, Boulos e Datena querem que as eleições sejam decididas pelos partidos políticos, à porta fechada, e não pelos eleitores.
O ex-treinador e empresário recusou-se a responder a diversas perguntas sobre a cidade, afirmando que o faria na sua página de Instagram. A estratégia foi criticada por Tabata Amaral. “O Marçal é como aquele aluno que só aceita fazer prova com consulta. Só responde depois que o orientador vem falar no ouvido dele. Ou só aceita responder nas redes sociais porque, claro, tem uma equipe dando a ele a Google (NASDAQ:). Queria deixar a reflexão: queremos um prefeito que vai governar usando o Google, porque não conhece a cidade, não tem experiência nem preparo?”, disse ela.
Além de não responder a diversas perguntas, Marçal, logo no início do debate, optou por não fazer pergunta a Marina Helena, pedindo que ela falasse sobre o que quisesse durante seu tempo de uso da palavra.
Em vez de discutir os problemas da cidade, Marçal dedicou grande parte do seu tempo a criticar a ausência dos seus adversários. No segundo bloco, o ex-técnico retirou a aliança de noivado e afirmou que o eleitor terá que “dar a aliança” para quem governará a cidade por quatro anos. “De quem você vai colocar o dedo na aliança? Alguém que é fugitivo e te abandona? Ou alguém que está aqui para levar golpes de todos os lados”, questionou Marçal, que tem recorrido a discursos eficazes durante os debates para gerar conteúdo em suas redes sociais.
O ex-técnico lançou uma série de ataques a Ricardo Nunes, com quem disputa o eleitorado de direita, chamando-o de “bananinha” e “Sméagol”. “Você é um cara de centro, maquinista. Você odeia o Bolsonaro, mas teve que engoli-lo porque eu entrei no jogo e te obriguei a aceitar um vício que você não queria”, disse Marçal, referindo-se ao coronel Ricardo Mello Araújo.
Temas não relacionados às eleições municipais também marcaram os primeiros blocos do debate. Marina Helena, por exemplo, questionou Tabata sobre a “ditadura da censura” do Judiciário no Brasil.
Num debate vazio, Tabata dirigiu as suas críticas sobretudo a Marçal, classificando o seu plano de governo como “caos na terra”, com propostas como “teleférico voador” e “um edifício com um quilómetro de altura”. Acusou ainda o seu adversário de ter um histórico de “ideias irresponsáveis com graves consequências”, citando como exemplo a expedição liderada por Marçal ao Pico dos Marins em 2022, quando os Bombeiros tiveram de resgatar cerca de 30 pessoas, e o caso de um funcionário da empresa de um ex-treinador que faleceu durante uma corrida organizada pelo grupo do empresário.
Outra estratégia do deputado federal do PSB foi associar Marçal ao ex-governador e ex-prefeito João Doria, além de explorar a falta de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à sua candidatura. “Quando olhamos ao nosso redor, o que vemos é a equipe em [João] Dória. Pesquise quem é Wilsinho (Pedroso) com ele, pesquise quem é Filipe Sabará. Até as calças são mais justas. Você acha que Bolsonaro te rejeita porque você é Doria 2.0?”, questionou Tabata, referindo-se aos coordenadores de campanha do ex-técnico.
Bolsonaro elogiou Marçal na quinta-feira, 15, mas mudou de postura no sábado, 17, após assistir a um vídeo em que o influenciador afirmava não buscar seu apoio. De acordo com o CNN Brasilo ex-presidente chamou o candidato do PRTB de “mentiroso” e afirmou que Marçal conversou com ele durante uma hora. Bolsonaro reforçou o apoio a Ricardo Nunes.
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