A ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quinta-feira (15) a atuação do ministro Alexandre de Moraes, seu antecessor no comando da Justiça Eleitoral e colega no Suprema Corte. . Ela disse que o acúmulo de cargos nos dois tribunais não confunde as funções nem deslegitima qualquer atuação.
Ao abrir o plenário do TSE, Cármen Lúcia lembrou que o acúmulo de cargos é uma determinação da Constituição, que também prevê que ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) componham a corte eleitoral.
A ministra abriu o discurso chamando Moraes de “grande ex-presidente” do TSE, que “cumpriu um papel enorme, como é de conhecimento geral no país”. Ela mencionou diretamente as “notícias que foram publicadas” sobre o ministro.
Ela se referiu a reportagens de jornais Folha de S.Pauloque entre terça (13) e quarta (14) publicou uma série de reportagens segundo as quais Moraes teria utilizado canais informais para solicitar a produção de denúncias do TSE contra investigados em inquérito que tramita no Supremo.
Essas pessoas foram posteriormente alvo de sanções de Moraes, com base nos relatórios do TSE, mas sem os despachos informando que os documentos foram feitos a pedido do próprio ministro.
Os pedidos de produção de relatórios do TSE contra alvos específicos no Supremo foram feitos via WhatsApp, segundo o jornal, que publicou diálogos entre os principais assessores de Moraes nos dois tribunais.
Nesta quinta-feira (15), Cármen Lúcia procurou dirimir dúvidas sobre a atuação de ministros que acumulam cargos no STF e no TSE, afirmando que esse acúmulo “não confunde as funções nem prejudica qualquer tipo de conduta adotada”.
O presidente do TSE também negou que os ministros busquem esse acúmulo de funções e poder, ou que utilizem a estrutura da Justiça Eleitoral para outras funções que não a manutenção das eleições.
“Têm sido publicadas notícias sobre o acúmulo de cargos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), gostaria de lembrar a todos que esta é uma escolha constitucional que os constituintes vêm fazendo desde o Década de 1930 do século passado”, frisou Cármen Lúcia.
“O Tribunal Superior Eleitoral tem como único objetivo garantir a lisura, a transparência e a segurança do processo eleitoral, estamos comprometidos com isso e é assim que tem sido feito”, acrescentou.
Antes de encerrar, porém, o presidente do TSE disse que “aqui toda conduta deve ser formal, para ser segura e para garantir a liberdade do eleitor no exercício do seu dever constitucional de votar”.
Após a publicação dos relatórios, outros ministros do Supremo vieram em defesa de Moraes, afirmando que não houve irregularidade na conduta do juiz, incluindo Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, Gilmar Mendes, reitor, e Flávio Dino.
Em sessão plenária do Supremo, o próprio Moraes defendeu suas ações, afirmando que todos os procedimentos foram regulares e que “não há nada a esconder”.
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