O Senado aprovou esta quarta-feira, em primeiro turno, por 51 votos a favor a 15, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que isenta os partidos de multas eleitorais por descumprimento de cotas. A aprovação surge em meio à pressão dos presidentes dos partidos, que desejam aprovar as novas regras a serem aplicadas nas eleições de 2024, cujo período de campanha começa nesta sexta-feira.
Apenas Novo, que tem apenas um senador, desaconselhou a proposta. O governo liberou a bancada e a oposição orientou o voto favorável. Caso também seja aprovada em segundo turno, a iniciativa seguirá para promulgação.
Os líderes partidários querem que as novas regras entrem em vigor o mais rapidamente possível para que possam regularizar a sua situação perante o Tribunal Eleitoral a tempo das eleições autárquicas deste ano. O texto interessa a quase todos os partidos representados no Congresso e conta com o apoio do PL e do PT.
A proposta abre caminho para uma ampla anistia às irregularidades cometidas pelos partidos, o que inclui o descumprimento da cota de 30% para candidatas mulheres e candidatas pretas e pardas, o que corresponde à sua proporção no eleitorado, que hoje representa algo próximo de 50 %. Além disso, a PEC altera a forma de aplicação da cota racial e passa a definir o percentual em 30%.
– Todos nós que somos dirigentes partidários, mesmo no âmbito estadual, acabamos enfrentando uma situação que precisa ser esclarecida. Existem situações de punição e multa partidária onde você não pode utilizar os recursos do partido, não pode receber doação para pagar essa multa. Como você vai pagar? Pessoalmente, com seu CPF, com seu recurso? – disse a senadora professora Dorinha Seabra (União-TO) ao citar a preocupação dos presidentes dos partidos em aprovar a proposta em breve.
A aprovação contou com o empenho do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Davi Alcolumbre (União-AP). A PEC foi aprovada na CCJ na manhã desta quarta e Alcolumbre apresentou requerimento para que ela seja analisada em plenário no mesmo dia, em caráter de urgência, pulando etapas como as cinco sessões de debate.
O relator da PEC é o senador Marcelo Castro (MDB-PI). O emedebista não fez alterações em relação ao texto que foi aprovado pelos deputados em julho. Com mudanças, a proposta precisaria passar por nova votação na Câmara, o que atrasaria a aplicação da anistia.
O texto da proposta não apresenta o impacto da medida, mas a Organização Não Governamental (ONG) Transparência Partidária estima o volume em até R$ 23 bilhões.
Apesar de contar com amplo apoio dos partidos, a proposta enfrentou dificuldades para ser aprovada na Câmara, pois enfrenta forte resistência da sociedade civil organizada. Na Câmara, apenas o partido Novo e o bloco PSOL-Rede votaram contra a PEC, mas o texto estava parado na Câmara desde o ano passado porque o Senado sinalizou que iria arquivar a medida.
O senador Paulo Paim (PT-RS) criticou a proposta:
– Acredito que devemos fortalecer a educação popular, o que, neste caso, não está acontecendo. Todos sabemos que os movimentos sociais irão à Justiça, e vai ter o que a gente chama de novo… O Congresso decide, e a Justiça pode modificar essa PEC.
O petista também reclamou do fato de as mudanças terem sido aprovadas um dia antes do início da campanha eleitoral.
– A campanha eleitoral começa amanhã e vamos votar hoje uma PEC. O maior argumento que ouvi naquela época foi que não houve tempo para explicar adequadamente aos partidos nos estados como seria o processo de cotas, com tempo de rádio e televisão, enfim, e que, portanto, houve uma confusão, tantos não conseguiram cumprir a norma – destacou.
– É de se perguntar: se uma emenda constitucional for aprovada hoje, e, a partir da meia-noite de hoje, começar o processo eleitoral, teremos tempo para adaptar todo o processo que terá início a partir de amanhã a esta realidade? – ele completou.
Segundo Marcelo Castro, o Senado mudou de posição depois que a Câmara, que teve como relator o deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), suavizou alguns dispositivos do texto.
Uma das principais mudanças foi a possibilidade de parcelamento de multas partidárias. Além disso, existe uma modalidade de “financiamento” das dívidas das partes, com pagamentos que duram até 180 meses.
Outro trecho da PEC permite que os partidos que descumpriram a cota racial em 2020 e 2022 compensem a distorção nas quatro disputas seguintes, a partir de 2026, escapando assim da punição.
No que diz respeito às candidatas, o novo texto retira o trecho que aliviava os partidos que não cumpriam as cotas de repasses às mulheres, porém, grupos focados na transparência que acompanham a tramitação da proposta apontam que a iniciativa ainda permite a anistia nesses casos.
“Na prática, todos os tipos de sanções aplicadas seriam anuladas, configurando uma anistia ampla e irrestrita para todas as irregularidades e condenações de partidos políticos e campanhas eleitorais”, diz nota assinada por organizações como a Transparência Internacional.
Entenda os principais pontos da PEC da Anistia:
O texto estabelece que os partidos deverão destinar pelo menos 30% dos recursos do Fundo Partidário e Eleitoral para candidaturas de pessoas pretas ou pardas. Anteriormente, o projeto previa piso de 20%. Se aprovado pelo Senado antes das eleições, esse trecho agora será aplicado nas disputas que ocorrerão em outubro. Hoje o Tribunal Superior Eleitoral define que a proporção deve ser igual à participação de negros entre os candidatos, algo que fica próximo de 50%;
A proposta abre brecha para que esses recursos possam ser destinados a apenas um candidato, deixando outras candidaturas de mulheres e negros com poucos recursos de campanha;
Os partidos também terão liberdade para escolher uma região específica para enviar fundos de campanha;
O texto também desobriga os partidos de pagarem multas ou de terem o Fundo Partidário Eleitoral suspenso por irregularidades nas prestações de contas realizadas antes da promulgação da emenda;
Os partidos e federações partidárias ganharão imunidade tributária, ou seja, ficarão isentos do pagamento de impostos, como acontece atualmente com entidades religiosas e organizações assistenciais;
Será criado um Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para que os partidos regularizem suas dívidas. A proposta prevê que as entidades ficarão isentas de juros sobre débitos acumulados e multas. Desta forma, a correção monetária só será aplicada aos valores originais da dívida;
A proposta também flexibiliza as atuais regras de prestação de contas e dispensa os partidos de apresentarem recibos no caso de doações de recursos do Partido e do Fundo Eleitoral por meio de transferências bancárias feitas pelo partido a candidatos e de doações recebidas por meio do PIX.
Veja também
Eleições 2024
Campanha eleitoral: candidatos deixam seus nomes oficiais de lado em busca do voto
ELEIÇÕES 2024
Eleições 2024: estão inscritas mais de 400 mil candidaturas
emprestimos pessoal em curitiba
quem tem bpc pode fazer empréstimo
bancos inss
antecipar decimo terceiro itau
cartao itau inss
emprestimo pessoal 5 mil
empréstimo consignado melhores taxas