Ministro da Fazenda durante a ditadura militar, deputado federal, signatário convicto do AI-5 e professor emérito da Universidade de São Paulo, são algumas das responsabilidades obtidas por Antônio Delfim Netto em 96 anos de vida.
A morte do economista foi confirmada nesta segunda-feira (12). Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 5 devido a complicações no estado de saúde. A causa da morte não foi divulgada.
Delfim Netto deixa uma filha e um neto. O velório ficará restrito à família do economista.
Ministro das Finanças durante o regime militar
Formado em Economia pela USP em 1951, Delfim Netto foi chefe do Ministério da Fazenda durante o período da ditadura militar, entre 1967 e 1974 —até hoje, o mais antigo no cargo. Durante a administração do General Ernesto Geisel, serviu como embaixador do Brasil na França por um curto período.
O economista foi responsável por implementar medidas que impulsionaram a economia do país, dando origem ao chamado “milagre econômico”, que atraiu capital estrangeiro e fomentou em grande parte o crescimento do Brasil.
A gestão do economista em Ministério das Finanças Também foi marcado por obras de grande impacto, como a Rodovia Transamazônica, a empresa binacional Itaipu e a Ferrovia do Aço e a ponte Rio-Niterói.
No governo do general Ernesto Geisel, Netto serviu como embaixador do Brasil na França em 1977. No governo do general João Baptista Figueiredo, entre março e agosto de 1979, atuou no Ministério da Agricultura.
Delfim Netto foi signatário convicto do AI-5
Em dezembro de 1968, Delfim Netto assinou a implementação do AI-5 (Ato Institucional nº 5), que endureceu o regime militar e aumentou a perseguição aos opositores do governo.
Durante entrevista ao Uol, em 2021, o economista declarou que assinaria novamente o decreto se necessário. “”Eu assinaria novamente o AI-5, sempre falei isso. As pessoas não conhecem a história, julgam o passado como se fosse o presente. Naquele momento estava correto, mas não se sabe o futuro”, disse ele em entrevista.
O ex-ministro, porém, reconheceu que o procedimento não teve sucesso. “Quando foi assinado o AI-5, o que se imaginava era que o habeas corpus seria para proteger o cidadão, e não para matá-lo”, disse ao Uol.
Deputado Federal e professor emérito da USP
Após a redemocratização, Delfim Netto disputou uma vaga na Câmara dos Deputados e foi eleito pelo PSD (Partido Social Democrata) com 76 mil. Ingressou na Assembleia Nacional Constituinte em 1986.
No mesmo ano, a FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) decidiu conceder-lhe o título de professor emérito da Universidade.
Em 2014, doou toda sua biblioteca pessoal à FEA/USP. O acervo conta com mais de 100 mil títulos, acumulados ao longo de quase 80 anos – é considerado um dos mais relevantes do Brasil.
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