A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado deve analisar na quarta-feira (14.ago.2024) o projeto para dar autonomia financeira e orçamentária ao BC (Banco Central). Se aprovado, a votação no plenário da Câmara deverá ocorrer após as eleições municipais de outubro.
A votação estava marcada para julho, mas foi adiada por falta de acordo sobre o texto, envolvendo principalmente uma mudança na natureza jurídica do BC.
O relator da proposta, Plínio Valério (PSDB-AM), disse que a “essência” do texto é a transformação do BC em empresa pública, mas, assim como o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT -BA), ele é contra a medida, não houve consenso.
O governo quer classificar o BC em uma categoria inédita no serviço público brasileiro, semelhante ao que já existe nos BC norte-americanos e europeus. Seria um tipo de autoridade financeira, diferente das autoridades locais ou de qualquer entidade pública.
Atualmente, o Banco Central é uma autoridade monetária com autonomia operacional, mas com orçamento vinculado à União. A autonomia financeira e orçamental seria o último passo para consolidar o processo de independência em relação ao governo.
AUTONOMIA FINANCEIRA
Em artigo publicado por Poder360Os diretores do BC Ailton Aquino (Fiscalização), Diogo Guillen (Política Econômica), Otávio Damaso (Regulação) e Renato Gomes (Organização do Sistema Financeiro e Resolução) afirmam que o PEC (Projeto de Emenda à Constituição) 65 de 2023 alinhará a Central Banco às melhores práticas internacionais. Além dos 4 diretores, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já defendeu diversas vezes a ampliação da autonomia da autoridade monetária do Poder Executivo.
O Banco Central obteve autonomia operacional em fevereiro de 2021, que estabeleceu um regime de mandato de 4 anos para os 9 membros do Copom (Comitê de Política Monetária). A medida permite que o nível da taxa de juros seja decidido com maior independência do Poder Executivo.
Os defensores da PEC 65 defendem que também é necessário dar independência financeira e orçamentária à autoridade monetária. Uma pesquisa do FMI (Fundo Monetário Internacional) mostrou que dos 87 bancos centrais, 64 consideram que ter orçamento próprio é a principal métrica para medir a autonomia.
Além disso, 90% dos bancos centrais com autonomia operacional também têm autonomia orçamental e financeira.
Segundo o artigo assinado pelos 4 diretores do BC, a proposta garante recursos adequados para manter a excelência de suas entregas à sociedade e a expansão de “sua bem-sucedida agenda de inovação do sistema financeiro”.
“O fortalecimento institucional do BC, pilar de credibilidade, contribuirá para que a preservação do poder de compra da moeda seja alcançada por meio de uma política monetária orientada pelos mais exigentes critérios técnicos, minimizando assim os custos para a atividade econômica”, diz o artigo dos diretores.
Os diretores disseram que o BC implementou um “revolucionário” agenda de inovação, com enormes benefícios para a sociedade. Citaram o Pix, que, segundo eles, promoveu a inclusão bancária de mais de 70 milhões de brasileiros.
A matéria dizia que a PEC não altera as competências do CMN (Conselho Monetário Nacional) na definição da meta de inflação e das diretrizes das políticas monetária, creditícia e cambial.
“Esta autonomia faz parte de uma longa agenda de melhoria da instituição, perseguindo razões de Estado que superem as ideologias e tragam benefícios inequívocos ao país. Portanto, é fundamental que demos este importante passo rumo à autonomia orçamentária e financeira do BC, para que a instituição possa ampliar ainda mais sua capacidade de atender bem o Brasil”os diretores escreveram.
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