Ministro cutuca Jorginho Mello: ‘não quer recuperar rodovia’

Em sua quarta visita a Santa Catarina, o ministro dos Transportes, Renan Filho, criticou a cobrança pública de Jorginho Mello (PL) sobre valores destinados à recuperação de rodovias federais no estado.

Renan Filho integrou a equipe editorial da NDMais antes de participar da inauguração do Contorno Viário, na manhã desta sexta-feira (9). O evento contou com a presença do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT), mas o governador Jorginho não compareceu.

Em seu lugar, a vice-presidente, Marilisa Boehm (PL), representou o governo do estado.

Jorginho Mello participa da 11ª edição do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), na região de Pedra Azul, no Espírito Santo e, por isso, não esteve no evento realizado na Grande Florianópolis.

“Pessoas estavam morrendo”, diz Renan Filho

Renan comentou o envio de R$ 465 milhões de Santa Catarina ao governo federal, em 2021. Na época, o então governador Carlos Moisés liberou o dinheiro devido à falta de manutenção das rodovias federais durante o governo Bolsonaro.

“O governador [Moisés] desesperou e mandou fazer manutenção porque pneus furavam, gente morria e muitos recursos eram desperdiçados”, disse Renan Filho, ao NDMais. O ministro declarou ainda que o governo Lula já destinou “quatro vezes mais recursos que o governo Bolsonaro, ou seja, já devolvemos esse recurso”.

Para pôr fim à discussão, o Ministro dos Transportes declarou que colocou os serviços da Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) disponível para restaurar rodovias em Santa Catarina, mas não houve resposta do governador Jorginho Mello.

“Lembrei que quem fez o investimento foi o governador [Carlos] Moisés e que eu propus fazer algum investimento, bastava ele listar qual rodovia ele queria, da rede estadual, mas parece que o governador não gostaria de ver a recuperação de um trecho da rodovia. Temos condições de fazer o investimento aqui, se essa for a decisão, de comum acordo, estou à disposição”, disse Renan Filho.

Jorginho Mello exige devolução de recursos do Ministério dos Transportes

Durante visita a Rio do Sul, em novembro do ano passado, o governador de Santa Catarina declarou que recuperaria os R$ 465 milhões destinados pelo Estado à recuperação das rodovias federais catarinenses.

Os valores foram destinados pelo ex-governador, Carlos Moisés, em 2021, para a ampliação e revitalização das BRs 470, 280, 163 e 285. O acordo foi acertado entre Moisés e o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

O governador Jorginho Mello exigiu a devolução de R$ 465 milhões aos cofres de Santa Catarina – Foto: Roberto Zacarias/SECOM/ND

Dinheiro deve voltar ao Estado como compensação da dívida pública

Procurado pela reportagem, o governo catarinense informou, em nota, que espera receber, na próxima parcela da dívida pública, uma indenização de R$ 384 milhões. “O valor de R$ 40 milhões, desembolsado no ano passado, será deduzido da dívida pública do Estado com a União”, acrescenta.

O governo estadual destaca ainda que o mecanismo de compensação “atende às solicitações do Governo do Estado para recuperação dos valores investidos nas quatro rodovias federais nos últimos anos” e “foi acompanhado de perto pelo governador Jorginho Mello”.

Leia a nota do Governo de Santa Catarina na íntegra:

“O Governo de Santa Catarina espera receber na próxima parcela da dívida a primeira compensação pelos R$ 384 milhões investidos em obras nas BRs 470, 285, 280 e 163 entre os anos de 2021 e 2023.

O valor de R$ 40 milhões, referente ao desembolso realizado no ano passado, será deduzido da dívida pública do Estado com a União.

A expectativa é que os R$ 344 milhões restantes também sejam descontados de futuras parcelas de pagamento da dívida —os próximos reembolsos ainda dependem de aprovação do Congresso Nacional, mas já contam com o aval da União.

Esse mecanismo de compensação atende aos pedidos do Governo do Estado para recuperação dos valores investidos nas quatro rodovias federais nos últimos anos. As negociações com a Secretaria do Tesouro Nacional contaram com a participação do secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, e foram acompanhadas de perto pelo governador Jorginho Mello.”