A Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República ajuizou, no dia 29 de julho, ação ética contra o ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima por suposto recebimento de vantagens indevidas. Na mesma sessão, o CEP aplicou censura ética ao ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e ao ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.
Em 2017, Geddel foi preso durante a Operação Lava Jato. R$ 51 milhões em dinheiro foram encontrados no apartamento do ministro em Salvador. Sua prisão ocorreu durante a Operação Cui Bono, que investigou esquema de fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal (CEF).
A ação ética movida também teve como alvo o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) Elias Fernandes Neto. O processo completo ainda não foi disponibilizado pelo CEP.
Em 2017, Geddel foi condenado a 14 anos e 10 meses de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro devido aos R$ 51 milhões em dinheiro apreendidos em Salvador. A decisão foi tomada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que o ex-ministro cometeu os crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Em 2021, a pena de Geddel foi reduzida para 13 anos e quatro meses de prisão. Desde fevereiro de 2022, ele está em liberdade condicional determinada pelo ministro do STF, Edson Fachin.
A CEP considerou ainda que o ex-vice-presidente de Fundos Governamentais e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fábio Ferreira Cleto, adotou conduta antiética. Assim como Geddel, ele foi alvo da Operação Cui Bono. O caso contra ele permanece confidencial.
Cleto foi punido com censura ética. Na prática, a punição funciona como uma mancha no currículo do ex-ministro da Integração Nacional.
Abraham Weintraub, que tem cinco sanções atuais, foi punido novamente
A sessão do comitê de ética determinou que o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, cometeu uma violação ética em declarações feitas nas redes sociais. O processo ocorre em sigilo.
Atualmente existem cinco sanções éticas em vigor contra Weintraub. Quatro delas giram em torno de manifestações nas redes sociais e “manifestações públicas indevidas”. Uma das punições de Weintraub foi motivada por insultos ao educador Paulo Freire e ataques a autoridades e instituições de ensino superior. O ex-ministro já chamou o patrono da Educação brasileira de “feio e fraco” e “enérgico”.
Para o Estadãoo ex-ministro afirmou que se sente “honrado” por ser punido mais uma vez pela CEP.
“A Comissão de Ética da Presidência nunca condenou nenhum suposto caso de corrupção, dos milhões desviados, que eu saiba. sou uma pessoa que não segue sua ética”, disse Weintraub.
Silvinei Vasques foi punido por demonstrar apoio a Bolsonaro e por interferir nas eleições de 2022
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques também foi punido pelo CEP. A comissão considerou que ele cometeu uma violação ética ao manifestar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha presidencial de 2022 e ao utilizar recursos corporativos para prejudicar a movimentação de eleitores no segundo turno das eleições daquele ano.
Às vésperas do segundo turno, Silvinei usou sua conta no Instagram para pedir voto no então presidente Jair Bolsonaro. Ele publicou uma foto da bandeira brasileira em seus stories e escreveu: “Vote 22, Bolsonaro presidente”.
Silvinei foi preso pela Polícia Federal (PF) em agosto do ano passado no âmbito da Operação Constituição Cidadã. Desde então, ele está detido na Penitenciária da Papuda, em Brasília.
Em abril do ano passado, um relatório da PRF atestou a intensa atuação dos agentes da corporação no Nordeste, região onde se concentra o maior reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ó Estadão Ele procurou a defesa do ex-diretor da PRF, mas não obteve resposta.
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