No primeiro dia da agenda oficial em Santiago, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, debateu nesta segunda-feira, 5, com seu colega chileno, Gabriel Boric, a reação conflitante de seus governos às eleições presidenciais na Venezuela.
Em comunicado após a reunião, Lula voltou a exigir a divulgação dos resultados eleitorais, pedindo diálogo e “respeito” à soberania da Venezuela.
“O respeito à tolerância e à soberania popular é o que nos move a defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz é o que nos leva a convocar as partes ao diálogo e à promoção do entendimento entre o governo e a oposição”, afirmou Lula, durante um discurso no Palácio La Moneda.
Lula e Boric são de esquerda, mas reagiram de forma diferente à crise venezuelana. Ontem, diante de Lula, o chileno deixou seu recado.
Ele disse que contava com Lula para “construir uma esquerda e um progressismo democrático que respeite e imponha o respeito aos direitos humanos em todos os lugares”.
Articulação
O presidente brasileiro relatou ter informado ao chileno, durante reunião privada, detalhes da coordenação que vem fazendo com os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador.
A tentativa é convencer o regime de Maduro a publicar a prova do voto.
Petro e López Obrador também são de esquerda e aderiram ao compromisso brasileiro com a diplomacia com Caracas. A ideia do Itamaraty era incluir Boric, mas ele ficou de fora do grupo porque o Chile perdeu o diálogo com a ditadura ao contestar a vitória de Maduro, que expulsou o corpo diplomático chileno de Caracas.
Divergências
Outra divergência entre os principais líderes regionais é sobre como certificar os resultados das urnas. A verificação dos votos coloca Lula e López Obrador, de um lado, defendendo que a recontagem seja realizada num formato a ser acordado pelas forças políticas internas da Venezuela, desde que permita um escrutínio imparcial.
Por outro lado, Boric e Petro defendem uma verificação realizada por observadores internacionais, única forma de garantir uma investigação independente.
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