A procuradora da República Eliana Torelli, que representa a Procuradoria-Geral da República (PGR) na comissão que busca um acordo sobre o prazo, disse que há “algum espaço” para negociação sobre o tema e que o diálogo “pode ser importante, mas sem nunca abrindo mão dos direitos dos povos indígenas”. “Grande parte da violência contra os povos indígenas resulta da inação do Estado brasileiro”, afirmou. A PGR não terá voto na comissão e participa apenas como observador.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi convocado para falar, mas disse que reservou “seu parecer sobre a questão de fundo após a conclusão dos trabalhos da comissão especial”. Defendeu, no entanto, que a relatoria do processo fosse mantida com Gilmar, contrariando a pretensão dos indígenas, e não se opôs à condição de observador imposta à PGR.
Wagner: Eternizar problemas não é saudável para ninguém, índios ou não-índios
O líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), disse que compareceu à audiência de conciliação sobre o marco temporal com o espírito de “não perpetuar conflitos e problemas”.
“A perpetuação dos problemas não é saudável para ninguém, nem para os índios, nem para os não-índios”, disse o parlamentar, que é um dos representantes do Senado na comissão criada para discutir o tema. Ele também elogiou a iniciativa do ministro Gilmar Mendes de enviar o caso para conciliação entre as partes.
Tereza Cristina pede denominador comum ‘sem que ninguém seja prejudicado’
A senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) disse esperar que se chegue a um “denominador comum” no debate sobre o prazo para a demarcação das terras indígenas. “Podemos avançar se todos viermos sem preconceitos. Quase chegamos a um entendimento no passado com a mesa de negociação do governo federal”, disse Tereza Cristina em seu discurso de abertura da primeira audiência de conciliação do Supremo Tribunal Federal que busca um acordo sobre o prazo para a demarcação das terras indígenas. “Que possamos chegar a um denominador comum sem que ninguém seja prejudicado”, defendeu o senador.
Tereza Cristina disse ainda que espera que os trabalhos e a conciliação da comissão possam ser concretizados antes do dia 18 de dezembro, data prevista para o encerramento das reuniões. “Temos coisas sérias acontecendo, como invasões”, ponderou.
A comissão especial de conciliação foi proposta pelo ministro Gilmar Mendes, relator de cinco ações que questionam a constitucionalidade da Lei do Marco Temporal de Demarcação de Terras Indígenas (Lei 14.701/2023). A lei aprovada no ano passado prevê que somente serão passíveis de demarcação as áreas ocupadas pelos povos indígenas na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
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