O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou que o STF não permitirá solução em relação ao marco temporal das terras indígenas que não contemple a Constituição Federal e a preservação dos direitos fundamentais.
“Este tribunal não aceitará solução que não inclua o cumprimento da Constituição Federal. É importante estabelecer uma premissa séria no início desses trabalhos. O caminho escolhido pelo Estado brasileiro para a questão indígena é, infelizmente, uma omissão vexatória” , disse Mendes, falando na primeira audiência de conciliação que busca um acordo sobre o prazo para a demarcação das terras indígenas.
Mendes afirmou que o resultado da Comissão será submetido ao escrutínio do plenário da Câmara. “Aqueles que erroneamente veem o diálogo como um enfraquecimento dos direitos fundamentais não devem se preocupar”, disse Mendes. “Não há pacificação social com imposição unilateral de vontades. Este país acolhe-nos a todos nas suas múltiplas formas de vida e valores”, acrescentou.
Gilmar Mendes lembrou que o artigo 5º da Constituição Federal estabelece que a União concluiria a demarcação de terras indígenas cinco anos após a promulgação, em 5 de outubro de 1988. O ministro citou dados de organizações indígenas que mostram que há 270 terras indígenas pendentes de demarcação, das quais 12 foram aprovadas, enquanto há 409 regularizado.
“Os direitos dos povos originários ainda são regidos infraconstitucionalmente pelo Estatuto do Índio. A sociedade brasileira não tem conseguido implementar os compromissos assumidos nem mesmo atualizar a legislação”, observou Mendes.
É possível demarcar territórios indígenas sem desrespeitar situações consolidadas
Gilmar Mendes defendeu mais uma vez que é possível demarcar terras indígenas sem desrespeitar as ocupações consolidadas ao longo do tempo e de boa fé.
“É possível cumprir a Constituição demarcando territórios indígenas sem desrespeitar as ocupações consolidadas e de boa fé. É preciso demarcar terras indígenas e dotar seus habitantes de meios para atingirem seus fins e objetivos, não sob a tutela do Estado , mas como pessoas plenas e independentes”, disse Mendes, ao discursar na primeira audiência de conciliação que busca um acordo sobre o prazo para a demarcação das terras indígenas.
O ministro afirmou que tratar como infratores quem ocupa terras em situação consolidada não resolverá o debate. “Muitos casos de titulação resultaram de ações dos governos federal e estaduais. São inúmeros os direitos fundamentais em jogo no conflito que perdura há séculos. inviável”, disse Mendes.
“A inação não é mais uma opção. A crise não se resolverá sozinha”, argumentou Mendes.
Mendes citou dados recentes sobre ataques de agricultores a povos indígenas do Centro-Oeste e invasões de terras privadas para mostrar que o conflito é crescente.
Mendes citou ainda o projeto de lei 2.903/2023, aprovado pelo Congresso, que estabelece o prazo para a demarcação das terras indígenas, ou seja, somente serão objeto de demarcação as áreas em que estiverem ocupadas por povos indígenas na data da promulgação da Constituição. , em 5 de outubro de 1988.
“O Parlamento brasileiro não parece ter produzido um resultado que tenha pacificado a questão com a lei. É uma janela de pacificação histórica que deve ser aproveitada por todos para tentar produzir um resultado pacificador”, argumentou Mendes.
O ministro observou que “problemas complexos não podem ser resolvidos com soluções simplistas” ou com “falta de inteligência” entre as esferas do Poder.
“Nesta comissão, estamos a tentar acalmar os ânimos e ver o que de bom podemos aprender com a sociedade civil. Chegou a hora de todos se sentarem à mesa e chegarem a um consenso mínimo”, concluiu Mendes.
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