AAntes das urnas eletrônicas, votar e determinar os resultados eleitorais eram tarefas demoradas e caras
Os cidadãos entram na sua assembleia de voto, pegam no seu título de eleitor – documento com foto que mostra a sua profissão – e entregam-no a um dos seis mesários chamados.
Comprovada sua identidade, você recebe duas cédulas eleitorais, uma para votar nos cargos majoritários e outra nos proporcionais. Depois de votar, ela coloca uma cédula em cada urna.
Terminada a votação, as urnas são recolhidas e levadas para um pavilhão desportivo da cidade, onde diversas equipes de escrutinadores, cercadas por fiscais de cada partido, têm a missão de separar, contar as cédulas, abrir cada uma delas e iniciar contando.
Você acabou de ter uma ideia de como eram a votação e a contagem na época das cédulas de papel e das urnas de lona. Um processo demorado que levou dias para ser concluído.
“Na eleição presidencial de 1989, a Bahia demorou 15 dias para completar a apuração”, lembra o diretor-geral do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC), Gonsalo Agostini Ribeiro, veterano da Justiça Eleitoral que cuidou de toda a transição do voto impresso para a urna eletrônica.
“Ingressei na Justiça Eleitoral em 8 de janeiro de 1990, mas já havia trabalhado como mesário também”, diz.
“As pessoas dizem: as eleições são difíceis. A eleição hoje é muito fácil, porque foi difícil na altura em que era preciso trabalhar com uma figura que já não existe, que é o escrutinador. Foi ele quem contou os votos. Então a logística envolvida, o custo social de uma eleição foi muito alto”, avalia.
Título eleitoral com foto
O enorme trabalho dos mesários começou com a identificação dos eleitores. Até o recadastramento promovido em 1986 pela Justiça Eleitoral, os cartões de eleitor eram grandes, com foto e diversos dados pessoais, inclusive profissionais.
“Aquele antigo, com foto, fazia parte de um documento chamado certificado de habilitação eleitoral”, explica Gonsalo.
No local de votação, o mesário tinha uma prova disso: outra parte que também tinha foto e todas as eleições em que aquela pessoa já havia votado. O mesário assinou aquele documento dizendo que o eleitor havia comparecido naquele dia e votado – e fez o mesmo no título da pessoa e carimbado. A outra parte foi devolvida à Justiça Eleitoral, o que comprovou que votou.
“Quando havia recadastramento nacional, que colocava todo mundo na mesma base, tinha aquele título pequeno. Você pode ver no título do seu pai, da sua mãe, de todo mundo que tem isso e que tinha mais de 18 anos na época, está aí: 18 de setembro de 1986. Porque foi quando ele migrou”, explica.
E uma curiosidade: alguns cartórios eleitorais mantiveram em arquivo o antigo título de eleitor. Muitas pessoas depois foram atrás desse título porque ele registrava a profissão e servia como comprovante de aposentadoria.
Para quem vai essa votação na cédula?
Após esse protocolo de recebimento das cédulas e poder votar em cabine, o leitor escrevia o nome do seu candidato.
“Então, imagine se o nome do candidato fosse Washington e a pessoa escrevesse ‘Uoxito’. Valeu a pena ou não valeu a pena? Depende de quem vai ler o voto, de quem é o escrutinador. Então, foi um negócio extremamente lento e interpretativo. O eleitor tinha certeza de que votou em determinado candidato, mas isso não significa que isso se refletiria no resultado, porque dependia de uma interpretação”, lembra.
Para Gonsalo, a chegada da urna eletrônica acabou com esse problema.
“Ela trouxe igualdade entre os meus 8 e os seus 8, entre os meus 5 e os seus 5, porque ninguém está lendo o meu voto. Digitei esta informação. E não há interpretação, porque independente do seu nível de escolaridade ou do meu, teremos a mesma grafia.”
Outra situação resolvida pelas urnas foi a questão dos votos em branco e nulos.
“Isso, no início, fez principalmente com que o número de votos inválidos caísse muito, porque o voto nulo na urna eletrônica tinha que ser algo forçado. Ou seja, você tem que votar, inserir um candidato que não existe, senão a votação vai para um candidato”, lembra o diretor.
No caso dos votos em branco, a urna eletrônica trouxe outra vantagem: o fim da possibilidade de fraude.
“Você teria que apertar a opção branca, certo? E quando estava na urna de lona, tinha que votar sem nenhum registro. Mas aquela cédula sem nenhum registro, alguém de má-fé poderia preencher na hora da contagem. Enfim, é um fato que aconteceu”, destaca.
Dias e dias de espera x rito sumário
Todo esse processo de investigação, com todas as suas etapas, levou dias.
“Demorava de três a cinco dias para terminar uma eleição. Você começava na segunda-feira de manhã, às 8 horas em alguns casos, e ia até sexta-feira. Era para levar dez dias. Hoje damos os resultados em três horas. E ainda tem gente que acha que está demorando demais”, afirma Gonsalo.
Outro ponto que a verificação eletrônica proporciona é o rápido retorno à vida normal.
“A gente, no dia seguinte, segunda-feira, a vida continua, está tudo funcionando normalmente”, diz.
Segundo o diretor, todo o processo antigo era muito desgastante, principalmente para a sociedade, porque normalmente os escrutinadores também eram convocados como mesários.
“E aí a gente ia descobrir que ele era o caixa do Besc, que era alguém do Banco do Brasil, que era um cara que trabalhava no escritório de contabilidade. A cidade ou aquela comunidade ficaria parada por um tempo porque aquelas pessoas estavam em um pavilhão esportivo contando votos.”
Além disso, o convocado também tinha direito a dois dias de folga por cada dia trabalhado. “Houve um custo social muito elevado”, revela.
Além do “custo social” há ainda um custo financeiro a ser considerado. Atualmente, Santa Catarina convoca cerca de 70 mil pessoas para trabalhar nas eleições – sendo quatro mesários. Se fossem seis, como no passado, o número chegaria a 105 mil.
“Sem falar naquelas pessoas que ainda deveriam ir à academia para contar os votos”, destaca Gonsalo.
“Mudamos o conceito. Porque a informatização, seja no registo eleitoral, seja no processo de captura de votos, criou agilidade em todos os procedimentos eleitorais, em todo o trabalho eleitoral”, acrescenta.
“A eleição de hoje é uma brisa. Dormirei em casa quando acabar. Até 1995, quando houve eleições aqui, saíamos de casa e sabíamos que íamos dormir num pavilhão desportivo. Tínhamos colchões para levar aos locais de contagem”, lembra o diretor.
“Foi uma eleição onde não só os servidores, mas também os juízes e promotores, tiveram que atuar a noite toda, andando naquelas delegacias para eliminar urnas, derramamento de cartões, compra de votos, bloqueios de estradas, destruição do local de votação”, ele diz.
Evento comunitário
Até meados da década de 1990, era comum instituir leis secas durante o período de votação. Segundo Gonsalo, houve uma época em que até os bailes eram proibidos nestes períodos.
“Muitas coisas foram proibidas. Também mudou, então hoje a eleição é um evento comunitário”.
O papel da Justiça Eleitoral
Com 34 anos de experiência neste trabalho, o diretor-geral do TRE-SC não tem dúvidas sobre o papel que a Justiça Eleitoral desempenha em todo esse processo.
“Na minha avaliação, e este é o meu entendimento, é fazer a votação e devolver o resultado. Apontar. E o que é importante para o eleitor é entender que votar não tem idade, todo voto conta, não existe religião, não existe cor. E queira ou não, alguém será eleito”, declara.
Por último, Gonsalo Agostini Ribeiro incentiva os eleitores a fazerem bem a sua parte.
“A grande vantagem que ele tem é que é uma grande oportunidade de ajudar na escolha de alguém que vai ocupar a cadeira de prefeito ou vereador por quatro anos, querendo ou não, com a ajuda dele ou não. Então, se ele puder contribuir, deverá conhecer o histórico dos candidatos, entender qual é a conduta dele, enfim, para fazer uma boa escolha”, finaliza.
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